O futuro chegou:
BIM nas estradas é abordado nas universidades
Por Jô Santucci
Colaboração: Vitória Klering, estudante de Arquitetura e Engenharia Civil da Unisinos (tradução da entrevista em espanhol), e
Giovanna Parise (estagiária de jornalismo)
Modelagem da Informação da Construção gera valor, reduz desperdícios e ajuda a trabalhar os desafios do futuro. Não se trata de um software específico, mas um conceito de virtualização, modelagem e gerenciamento das atividades inerentes ao projeto/construção de obras de Engenharia. É possível visualizar todos os elementos de uma obra, facilitando a observação de possíveis inconformidades.
Imagine um projeto onde não há perda de informação. Onde todos os envolvidos – projetistas, Engenheiros, gestores, contratantes e contratados – interagem entre si, compartilham dados e tomam decisões com base em um modelo virtual de fácil entendimento.
O atual cenário da Engenharia brasileira tem requerido esforço maior de todas as áreas para que sejam operados projetos em BIM. O uso da plataforma BIM ainda não é unanimidade no âmbito da infraestrutura rodoviária, mesmo diante dos benefícios adicionais apresentados em relação a outras formas de projeção consideradas ultrapassadas.
Desde 2017, o Brasil vem discutindo a implementação do BIM pelos setores público e privado, com a criação do Comitê Estratégico de Implementação do Building Information Modelling (CE-BIM) pelo governo federal. O intuito foi o de formular uma estratégia que pudesse alinhar as ações e as iniciativas desses setores, impulsionar a utilização do BIM no País, promover as mudanças necessárias e garantir um ambiente adequado para seu uso.
A Estratégia BIM BR foi instituída com a finalidade de promover um ambiente adequado ao investimento em BIM e a sua difusão no território nacional.
Neste contexto, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) instituiu o Núcleo BIM, composto por servidores, destinado a promover permanente discussão e estudo sobre a metodologia entre os servidores da autarquia visando sua implantação e disseminação.
Adicionalmente, por intermédio de seus membros, o Núcleo BIM do órgão é o responsável pela representação da Dnit nas discussões da metodologia BIM no âmbito ministerial, bem como na relação com demais órgãos e entidades públicas e privadas.
Em abril de 2021, um avanço pôde ser celebrado com a nova Lei de Licitações e Contratos (Lei n° 14.133/2021, Art. 19, inciso V, parágrafo 3°). Esta prevê, preferencialmente, a adoção da metodologia BIM ou tecnologias e processos integrados similares ou mais avançados que possam vir a substituí-la, para obras e serviços de Engenharia e arquitetura.
Compete ao Núcleo BIM do Dnit a elaboração de propostas internas para implementação de metodologia BIM na autarquia; a elaboração e atualização dos manuais, normas e instruções relacionadas à metodologia e, ainda, a análise e manifestação sobre os pleitos externos relacionados à metodologia BIM no Departamento.
MATÉRIA DE CAPA
PALAVRA DA PRESIDENTE
ARTIGOS
INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS
FÓRUM DE INFRAESTRUTURA DAS ENTIDADES DO RS
RAIO X DAS INSPETORIAS
FISCALIZAÇÃO
POR DENTRO DAS ENTIDADES
NOTÍCIAS
ENTREVISTA
Neste contexto, o Núcleo BIM do Dnit opera nas atividades relacionadas à implantação da metodologia, fomentando a Estratégia Nacional BIM BR no reforço e reabilitação de Obras de Arte Especiais (OAEs), no âmbito do Programa de Manutenção e Reabilitação de Estruturas (Proarte), visando a realização de obras de manutenção e recuperação de OAEs (pontes, túneis, viadutos, passarelas e estruturas de contenção), distribuídas na malha rodoviária federal, sob a administração do Dnit.
Desta forma, com o projeto piloto do Proarte, o Dnit traz uma evolução para a infraestrutura rodoviária federal e dá passos importantes para promover a implantação da metodologia BIM nos fluxos de trabalho da autarquia, passando a estabelecer metas e ações anuais específicas visando o desenvolvimento das atividades relacionadas à temática.
Com uma base de dados única, padronizada e alimentada por todos, em tempo real, conforme o projeto evolui, o BIM torna-se fundamental em um Programa de Manutenção e Reabilitação de Estruturas (Proarte), que é responsável pelo gerenciamento de serviços de manutenção e de reabilitação em Obras de Arte Especiais (OAEs) – pontes, túneis, viadutos, passarelas e estruturas de contenção – que integram a malha rodoviária federal em todo o país.
Será que o Brasil já não está atrasado para a implantação do BIM, que é uma realidade no mundo? Nos Estados Unidos, por exemplo, o BIM é obrigatório para todos os projetos financiados pelo General Services Administration (Administração de Serviços Gerais) desde 2006. Já na Noruega, o BIM é exigido em obras públicas, mesmo sem haver orientações contratuais disponíveis para o público.
TRANSFORMAÇÃO DIGITAL NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO
O BIM Fórum Brasil e o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) assinaram um Acordo de Cooperação Técnica no ano passado. O acordo visa a cooperação e colaboração das instituições em iniciativas de educação, promoção e suporte à transformação digital dentro da Engenharia, Agronomia e Geociências.
A articulação tem importante efeito na ação de fomento à adoção do BIM no Brasil, possibilitando que as informações, capacitações e demais resultados da parceria cheguem a todos os Estados do País, onde a rede do Sistema Confea/ Crea/ Mútua já está presente e atua.
Uma das iniciativas é a Primeira Pesquisa Nacional sobre Digitalização nas Engenharias no âmbito da Indústria da Construção, que o Sistema Confea/Crea e Mútua, o BIM Fórum Brasil e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), lançaram no dia 6 de abril. A participação dos profissionais é fundamental para ajudar a elaborar um diagnóstico sobre o momento atual do setor. Fique de olho no seu e-mail e não deixe de responder à pesquisa.
O Confea/Crea e Mútua, o BIM Fórum Brasil e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) lançaram no 6 de abril a Primeira Pesquisa Nacional sobre digitalização nas Engenharias no âmbito da Indústria da Construção. E a sua participação é fundamental para ajudar a elaborar um diagnóstico sobre o momento atual do setor. Fique de olho no seu e-mail e não deixe de responder à pesquisa.
A solenidade de lançamento da pesquisa foi transmitida ao vivo pelo YouTube. Veja a gravação:
O DESAFIO DA IMPLANTAÇÃO DO BIM
Um dos maiores desafios ainda é a implantação do BIM na prática. A Engenheira Civil Danielle de Souza Clerman Bruxel, professora do curso de Engenharia Civil na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), nas áreas de infraestrutura de transportes e mecânica dos solos, explica como o BIM pode ser usado nas estradas e por que optar por esse uso.
Para ela, no entanto, o BIM não é um programa único como muitas pessoas pensam, mas sim uma sistemática cuja ideia central é compilar informações de forma a criar um projeto georreferenciado com banco de dados confiável, que permita a todas as especialidades conversarem entre si, criando uma interação entre as diversas disciplinas da Engenharia. Para isso, diferentes softwares podem ser utilizados em conjunto.
“Na área de estradas, a disponibilização de dados entre projeto geométrico, terraplenagem, pavimentação, drenagem, fundações de Obras de Artes Especiais, redes de abastecimento de água ou de coleta de esgotos e outras, não acontece de forma automática e gradual. Assim, muitas vezes, perdem-se informações e tempo em tomadas de decisões quando outra especialidade já teria informações úteis a serem compartilhadas”, justifica.
Segundo a professora, quanto maior for a interação entre as especialidades e o processo mais automatizado, maiores serão os benefícios diretos à obra, projetos e manutenções em termos de economia, excelência e velocidade. “Acredita-se que a implantação do BIM gera um processo mais dinâmico e eficiente”, explica.
Salienta ainda que o Brasil caminha para o desenvolvimento e implantação desta sistemática. “Muitos esforços estão sendo conduzidos para essa dinâmica de informações. Pode-se citar como exemplo, os recentes melhoramentos nos mapas rodoviário interativos do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), onde já se enxerga o escopo das rodovias e suas informações importantes”, aponta. Também defende a necessidade de um trabalho contínuo, “mas o Daer-RS já caminha em direção à disponibilização de informações”.
Para ela, outro exemplo positivo é o da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). “Em alguns municípios, as obras novas devem compartilhar seu banco de dados georreferenciado, com layers predeterminados, tamanhos de pranchas e outras informações que ficarão armazenadas para projetos futuros ou intervenções”, aponta.
Um dos maiores desafios ainda é a implantação do BIM na prática. A Engenheira Civil Danielle de Souza Clerman Bruxel, professora do curso de Engenharia Civil na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), nas áreas de infraestrutura de transportes e mecânica dos solos, explica como o BIM pode ser usado nas estradas e por que optar por esse uso.
Para ela, no entanto, o BIM não é um programa único como muitas pessoas pensam, mas sim uma sistemática cuja ideia central é compilar informações de forma a criar um projeto georreferenciado com banco de dados confiável, que permita a todas as especialidades conversarem entre si, criando uma interação entre as diversas disciplinas da Engenharia. Para isso, diferentes softwares podem ser utilizados em conjunto.
“Na área de estradas, a disponibilização de dados entre projeto geométrico, terraplenagem, pavimentação, drenagem, fundações de Obras de Artes Especiais, redes de abastecimento de água ou de coleta de esgotos e outras, não acontece de forma automática e gradual. Assim, muitas vezes, perdem-se informações e tempo em tomadas de decisões quando outra especialidade já teria informações úteis a serem compartilhadas”, justifica.
Segundo a professora, quanto maior for a interação entre as especialidades e o processo mais automatizado, maiores serão os benefícios diretos à obra, projetos e manutenções em termos de economia, excelência e velocidade. “Acredita-se que a implantação do BIM gera um processo mais dinâmico e eficiente”, explica.
Salienta ainda que o Brasil caminha para o desenvolvimento e implantação desta sistemática. “Muitos esforços estão sendo conduzidos para essa dinâmica de informações. Pode-se citar como exemplo, os recentes melhoramentos nos mapas rodoviário interativos do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer), onde já se enxerga o escopo das rodovias e suas informações importantes”, aponta. Também defende a necessidade de um trabalho contínuo, “mas o Daer-RS já caminha em direção à disponibilização de informações”.
Para ela, outro exemplo positivo é o da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). “Em alguns municípios, as obras novas devem compartilhar seu banco de dados georreferenciado, com layers predeterminados, tamanhos de pranchas e outras informações que ficarão armazenadas para projetos futuros ou intervenções”, aponta.
A Engenheira reconhece que o BIM traz maior dinâmica na troca de informações e mais interação entre as disciplinas, conferindo maior valor, em termos de qualidade e eficiência, aos projetos e obras. “O BIM permite um sistema integrado, modelos 3D fáceis de visualizar, identificar interferências entre especialidades e ter informações confiáveis para projetos futuros”, ensina.
Como exemplo, cita que “em uma via urbana seria útil realizar uma intervenção em rede de água e, antes da abertura da vala, já saber exatamente o tipo de material e a espessura das camadas do pavimento, de forma a ter um orçamento e os quantitativos corretos antes mesmo da manutenção. A visualização 3D poderia já facilitar o processo e até auxiliar na busca de soluções alternativas para os problemas”, detalha.
O PAPEL DAS UNIVERSIDADES NESTE PROCESSO
Ressalta o papel importante das universidades para preparar os profissionais do futuro de forma a estarem aptos e preparados. “Por muito tempo, aprendia-se Engenharia de forma compartimentada, dividida em disciplinas diferentes à cada semestre, sem muito contato entre elas. Muitas vezes o aluno não conseguia enxergar a conexão ou link entre as áreas. Na Unisinos, investe-se muito no uso de programas computacionais em sala de aula e interação entre professores e disciplinas para que os alunos possam criar projetos multidisciplinares integrados”, explica.
Essa visão interdisciplinar, segundo a Engenheira Danielle, é o primeiro passo para que os alunos enxerguem a Engenharia de forma ampla.
“A graduação PRO na Engenharia da Unisinos tem esse perfil, estimulando a proatividade. Especificamente em Infraestrutura de Transportes, área que atuo como professora da Engenharia Civil, posso citar como exemplo diferentes projetos realizados por alunos da Escola Politécnica com início na coleta de dados topográficos, estudos hidrológicos, geotécnicos e de tráfego (com contagens), de forma a obter informações para produção de projetos geométrico, terraplenagem, pavimentação flexível e rígida, drenagem e estabilidade de taludes”, explica.
De acordo com ela, nesta disciplina os alunos têm a oportunidade de produzir um grande projeto único, interligando conhecimentos de disciplinas desde o início do curso até o último semestre, e fazendo uso de diferentes softwares para produção dos projetos. “Ainda não considero um sistema BIM completo, porém, estamos trabalhando nesse caminho”, pondera.
Ainda segundo a professora, há vários desafios com relação ao BIM nas Estradas. “Eu diria que um dos principais é ter um software único para a área de estradas que atenda às diferentes necessidades das disciplinas, permitindo um banco de dados completo e integrado com disponibilização de informações. A ideia é que um projeto não seja apenas para determinada obra, mas que depois de implantado, essas informações sejam disponibilizadas e formem a base de dados para outros projetos de diferentes áreas”, completa.
VISÃO DOS ESTUDANTES
Vitória Klering cursa, de maneira paralela, as graduações de Arquitetura e Urbanismo e de Engenharia Civil na Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos). Atualmente é conselheira na Federação Nacional de Engenharia Civil (Fenec) e também foi eleita no ano passado presidente da Associação Latino-Americana de Estudantes de Engenharia Civil, tornando-se a segunda mulher eleita na história da Aleic, além de ser a primeira brasileira a estar no cargo. Além disso, também é uma das integrantes do CREA Junior, programa lançado pelo CREA-RS em Santa Maria. Também esteve na organização de diversos congressos nacionais e internacionais.
Fala com entusiasmo de uma das matérias Infraestrutura de Transportes, quando o BIM ainda não era obrigatório. “BIM para estradas, na verdade, vem melhorando bastante e cada vez mais. É fácil compatibilizá-lo com outros projetos, pois com ele é possível estabelecer uma conexão maior entre os projetos de infraestrutura, loteamento, estradas, morros, vegetação, população, etc.”, ressalta
Lamenta, no entanto, que hoje as universidades ainda estejam bastante atrasadas na implementação de BIM nas suas matérias, principalmente em áreas que não são da construção civil, o que é um problema, pois há uma lei que exige o uso de BIM em projetos de obras públicas. “Os alunos hoje devem procurar capacitar-se fora da universidade, para explorar esse mundo de softwares BIM que, com certeza, já são o presente da Engenharia. Vale ressaltar que o governo federal lançou uma série de cursos grátis de BIM para acesso de todos, com o apoio da Autodesk, empresa que cria a maioria dos softwares”, sugere.
Para Vitória, é necessário sair do conforto do software tradicional e encarar essa nova realidade que é o BIM. “O mercado de trabalho exige cada vez mais eficiência e rapidez nos projetos, além de integração entre as equipes de trabalho, e o BIM pode ser uma solução. Claro, por ser uma metodologia que oferece mais respostas, ela exige mais domínio do software por parte do profissional. Falta ainda que a informação seja mais difundida. Muitos acreditam que BIM é apenas um programa, quando na verdade é toda uma metodologia. Outros acham que só existe BIM para projetos arquitetônicos, mas a verdade é que está por todas as partes da Engenharia, inclusive nas estradas, que podem ser mais bem projetadas com o apoio desta tecnologia”, indica.
Como mantém contatos com estudantes e profissionais de diversas partes do mundo, ressalta que há muitos exemplos de sucesso com a tecnologia, como é o caso da Espanha. “Desde 2018 o uso de BIM é obrigatório em projetos de obras públicas. Eles possuem uma repartição do Ministério de Transportes, Mobilidade e Agenda Urbana que destaca: ‘Desde o ponto de vista institucional, o uso da metodologia BIM é um facilitador de uma política de construção e edificação sustentável, da eficiência do gasto público e da competitividade nacional’. No site deles é possível encontrar uma série de explicações da metodologia e estatísticas, além de vários exemplos de obras. Aqui no Brasil, o governo federal também possui iniciativas voltadas para essa área, com a implementação do BIM no DNIT, porém não há tantas informações a respeito”, detalha.
ASSISTA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA
EXPERIÊNCIA DO BIM NO MÉXICO
O Engenheiro Civil mexicano Juan Ángel Espinoza Morga, formado pelo Instituto Tecnológico de La Paz, em Baja California Sul, México, defendeu uma tese de mestrado em BIM em Projeto e Construção de Vias, Estradas e Autopistas na Escuela Técnica EADIC.
Mesmo assim, o Engenheiro ressalta que o tema necessita ser mais difundido, pois ele só tomou conhecimento do termo BIM por meio de atividades externas à universidade. “Na realidade, o BIM ainda não entrou na grade curricular das universidades do México, nem a comparação com a metodologia CAD. As pessoas começam a investigar por ser um tema externo”, lamenta.
Mas acredita que o tema será reforçado. “Nosso objetivo é que o Plano BIM entre em vigor nos próximos anos e que todas as obras sejam realizadas sob a metodologia, o que implica que toda a indústria da construção deve ser capacitada nisso”, conta.
Para ele, a plataforma BIM facilita tudo que está relacionado ao trabalho colaborativo, ou seja, é possivel ter pessoas em diferentes lugares do mundo trabalhando simultaneamente no mesmo projeto e, assim, avançando da maneira correta, fazendo uso das boas normas técnicas. “Desta forma, é possível acessar os melhores especialistas, o que, pelo menos em cidades como a minha, sempre foi um problema, pois é um pequeno município e um pouco retirado do país, por estar em uma península”, explica.
Sobre o uso do BIM nas Estradas, cita alguns exemplos, como o de infraestrutura de comunicação. “Todas as etapas do projeto do Novo Aeroporto Internacional da Cidade do México, desde a projeção até a construção, estavam sendo realizadas por meio de BIM. E o segundo, é o Viaduto de Santa Catarina, que está localizado para unir a cidade de Monterrey, em Nuevo León e Saltillo, Coahuila”, ressalta.
Acredita que um dos maiores desafíos neste momento é o desenvolvimento de software e a falta de difusão do tema de BIM no México e na América Latina. “É fundamental que os estudantes, jovens, conheçam o tema desde a graduação, que inclusive tenham noções de como é o trabalho com BIM, o que é, para o que serve e o que é preciso para usar a metodologia BIM”.
Defende que é preciso sair da zona de conforto ao usar outra metodologia. “Existe ainda a questão das gerações mais antigas que, às vezes, não aceitam o BIM por estarem há 20, 30 anos trabalhando de outra maneira. Mas é necessário mudar a mentalidade do setor produtivo, e também em ir formando os próximos Engenheiros que seguirão levando adiante a infraestrutura do país”, analisa.
BIM NAS ESTRADAS E O CONHECIMENTO TÉCNICO
O Eng. Juan explica que atualmente na área de projetos de vias é muito comum receber vários arquivos, com “pedaços” da área, pois são trabalhados por diferentes empresas e até projetistas. Esse fluxo de trabalho pode gerar muitos problemas na execução, pois não são analisados conjuntamente.
Já com o BIM, essa compatibilização de projetos é facilitada. “Programas como Infraworks permitem que as mudanças feitas em determinada parte do projeto sejam automaticamente recalculadas em toda área que sofre com a modificação”, detalha.
Juan comenta que trabalhou em equipe com Engenheiros da América Central em seu projeto final de mestrado, o que só foi possível em função do uso da metodologia BIM. “O projeto começa no Civil 3D, da Autodesk. Esse programa funciona como uma espécie de AutoCAD, porém com mais funções voltadas ao projeto de estradas. Depois se passa o projeto a outro programa, o Infraworks, também da Autodesk, para uma simulação de como seria a implementação”, pontua.
O Infraworks é um programa que utiliza imagens de satélite e dados topográficos, que podem ser fornecidos pelo projetista. “Nele é possível inserir o estudo da estrada, definir os materiais e suas características, como também parâmetros de normas. O projetista consegue visualizar a estrada no seu contexto, prevendo melhor os problemas, intervenções e impacto. É possível fazer diversas simulações com esse programa, desde planejamento de etapas, até mesmo uma simulação de tráfego. Também é bastante útil na hora de gerar imagens para apresentação do projeto, por seu fácil entendimento, é mais acessível a leigos”, detalha.
Segundo Juan, apesar de ser um programa muito visual e com estética bonita, é necessário conhecimentos para fazer bom uso da ferramenta. “O conhecimento técnico atua aplicando as normas e os parâmetros no projeto, através dos softwares. O programa Civil 3D, que apresenta uma estética mais ‘técnica’, requer uma série de conhecimentos de projetos geométricos para cálculo das curvas verticais e horizontais, perfis, volumes de movimentação de terra, velocidade de projeto entre outras informações que seguem as normas do órgão responsável do país em questão”, pontua.
Destaca, novamente, a possibilidade de profissionais de diferentes áreas trabalharem juntos compartilhando arquivos de fácil compatibilização. “O exemplo mais clássico é da construção civil, em que cada profissional desenvolve seu projeto, seja de estrutura, arquitetônico, elétrico, e facilmente integra com os outros. Desta forma é muito mais fácil perceber os problemas”, aponta.
Eng. Juan acrescenta que o mesmo ocorre com a metodologia BIM no caso de estradas, que pode ser trabalhado a várias mãos por Engenheiros Civis, Engenheiros Ambientais, urbanistas, Engenheiros Cartográficos, entre outros.
Outros programas recomendados para a área são da empresa Bentley, como o Open Roads. A escolha depende do projetista e suas preferências.
AS DIMENSÕES BIM
6D Performance
- Melhora energética
- Resultados
- Retorno do investimento
- Redesenho
- Modelos BIM Auditado
4D TEMPO
- Construção virtual - Planejamento
- Fases do Projeto
- Equipamentos
- Systems
- Simulações
3D Forma
- Representação Visual
- Implementação BIM - Documentos Finais
- Sustentabilidade (arquitetonicamente)
5D Custo
- Produção
- Volumes
- Orçamentos
- Contratos
- Provedores
- Logística
2D Vetor
- Produção
- Programação
- Desenvolvimento do projeto
- Sustentabilidade
1D Ponto de partida
- Pesquisa
- Plano de execução
- Desenho conceitual
Outro exemplo interessante apresentado pelo Eng. Civil Juan foi um projeto de estufa, em que ele, como Engenheiro Civil, estava trabalhando com a topografia enviada por um Engenheiro Cartográfico, mas que teria que consultar outro profissional com conhecimento na cultura indicada para a estufa, a fim de adaptar o projeto às necessidades de cultivo. Com a metodologia BIM e um programa que integre os projetos, os profissionais podem trabalhar mais facilmente em conjunto.
*As imagens são de projetos de estudos, cedidas pelo Eng. Juan, localizadas em local aleatório a título de exemplo.
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