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Novos desafios


Mauricio Paulo Batistella Pasini

Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor da Universidade de Cruz Alta


Eduardo Engel

Engenheiro Agrônomo, Mestrando em Entomologia (USP)


Embora o cenário e as informações estiveram ou estão divididos, com interesses por estruturas, que geram reflexos e impactam a sociedade como um todo, em algumas situações o conhecimento técnico inerente é perdido e a ignorância é combatida com ignorância.

Arquivo pessoal

O panorama associado à nu-vem de gafanhotos dominou discussões, trazendo à tona nossa capacidade de resposta a eventos, muito em função da proporção e do tamanho do dano imediato dos indivíduos. Embora o risco exista, tempe-raturas baixas, direção e velo-cidade dos ventos, não favo-ráveis ao organismo, contri-buíram para mitigar as proba-bilidades.


Diferentemente dessa realida-de, associada à proporção dos eventos, alguns insetos têm por característica buscar no-vos ambientes de maneira silenciosa e passam a ser per-cebidos quando suas densida-des populacionais atingem níveis passíveis de gerar im-pactos econômicos aos cultivos e, em algumas situações, podendo os inviabilizar.

“O tamanho dos insetos está cada vez menor, contudo, o impacto econômico está cada vez maior”

A cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) é um exemplo. Distribuída em grande parte do território do Estado, estabeleceu-se associada à cultura do milho, aumentando suas densidades populacionais, passando a se tornar de um inseto associado, com baixas densidades, para, na última safra, um inseto com altas densidades, tornando-se junto com o percevejo barriga-verde e a lagarta-do-cartucho, um dos principais insetos-praga para o cultivo. Destaca-se que, nesse processo de evolução populacional e novas espécies, Tripes, nos próximos anos, pode se tornar também uma das principais pragas da cultura do milho.


Insetos-praga, quando não ocorrem fatores ambientais ou ações de manejo que limitam suas densidades populacionais, passam a aumentar suas populações. Nesse sentido, a cigarrinha-do-milho, a cada 25 dias (tempo varia em função da temperatura do ambiente, inversamente), uma nova geração se estabelece, sendo que, cada fêmea, coloca de 400 a 600 ovos, dos quais a uma razão sexual de 50% e uma mortalidade de 50% até atingir a fase adulta. A cada geração, para cada indivíduo, temos um fator multiplicador de 100, ou seja, um indivíduo após 25 dias, gera outros 100, após 50 dias, 10 mil, após 75 dias, 1 milhão e após 100 dias outros 100 milhões de indivíduos.


Embora para um indivíduo os danos em uma planta podem ser irrisórios, quando a densidade de insetos aumenta, muito em função da característica do dano associado à cigarrinha, o impacto na eficiência produtiva do cultivo passa a ser maior, no contexto em que a planta tem sua produção de fotoassimilados e a cigarrinha e um dreno.


Contudo, embora os impactos associados ao dano da cigarrinha-do-milho em altas populações sejam significativos, eles são pequenos em função dela ser vetor de vírus e molicutes, originando nas plantas sintomas de enfezamento e viroses, os quais podem evoluir e promover a perda de plantas, tombamentos, má formação e espigas de milho.

Ressalta-se que a cigarrinha-do-milho se encontra distribuída em todas as regiões produtoras de milho no Estado do RS. Mas é importante destacar que nem toda a cigarrinha carrega agentes causais de doenças, contudo, atenção e monitoramento são pressupostos, pois trata-se de um inseto que pode inviabilizar a cultura do milho.



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