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Pesquisadores da Suíça Desenvolvem Dispositivo para Monitorar os Sintomas da Doença de Parkinson


Criado Dispositivo para Monitorar os Sintomas da Doença de Parkinson

Cientistas da École Polytechnique Fédérale de Lausanne (EPFL) de diversas áreas, entre elas a Engenharia Biomédica, desenvolveram um dispositivo capaz de monitorar os sintomas da doença de Parkinson.

O dispositivo consiste na combinação de algoritmos com sensores de inércia, que podem ajudar os clínicos no monitoramento da progressão da doença e avaliar os efeitos dos remédios utilizados no tratamento. Arash Atrsaei é doutorando do grupo liderado pelo professor do Instituto de Bioengenharia e diretor do Laboratório de Medição e Análise do Movimento na EPFL, Kamiar Aminian, e fez parte do projeto. Ele salienta que o dispositivo desenvolvido não trata a doença de Parkinson, mas mede, objetivamente, seus sintomas.

Por exemplo, o que mostramos em nosso estudo é que a velocidade de marcha medida por esses dispositivos tem o potencial de otimizar a dose de medicamentos. Isto é muito importante porque pode reduzir as flutuações motoras em pacientes com a doença de Parkinson, que é um sintoma adverso”, completa.


A empresa Gait Up investe nas tecnologias desenvolvidas na EPFL relacionadas à análise de movimento, incluindo o dispositivo que monitora os sintomas do Parkinson Foto: https://www.gaitup.com/#ABOUTUS

A doença de Parkinson surge de uma degeneração na parte do cérebro que auxilia a coordenação de movimentos. Os sintomas mais comuns são tremores nos músculos e dificuldade de caminhar, já que os movimentos tornam-se lentos e descoordenados, o que resulta na perda do equilíbrio.

O tratamento é feito via medicamentos, mas o Parkinson é uma doença progressiva, ou seja, só é possível diminuir os sintomas. Para isso, os médicos precisam controlar as doses dos remédios com base na gravidade dos sintomas, que é verificada por meio de testes, como a medição da velocidade de caminhada.


Apesar dos avanços da medicina, esses testes precisam ser feitos em consultórios, junto com os médicos, de tempos em tempos, normalmente dentro de alguns meses, o que não dá conta de avaliar a real progressão da doença. Outro fator que dificulta uma melhor avaliação é que os resultados dos testes são influenciados por diversos fatores, incluindo a experiência da pessoa que pode já estar acostumada com os movimentos exigidos. O ideal para avaliar a velocidade de caminhada, um dos procedimentos dos testes, é fazê-lo em condições reais, no cotidiano da pessoa.

O professor do Instituto de Bioengenharia e diretor do Laboratório de Medição e Análise do Movimento na EPFL, Kamiar Aminian, explica que há uma relação entre velocidade de caminhada e esperança de vida: “Se andar mais depressa, pode esperar viver mais tempo".

Esse foi o ponto de partida da pesquisa desenvolvida em parceria com o Centro Hospitalar Universitário do Porto, em Portugal. Aminian e seus colegas buscaram analisar como esta velocidade é alterada na doença de Parkinson.

O dispositivo funciona da seguinte maneira: os sensores de inércia medem a aceleração e a velocidade angular dos movimentos do paciente. Ao processar estes dados brutos com algoritmos especiais, obtêm-se parâmetros de mobilidade como velocidade de marcha, cadência ou assimetria de marcha.

A metodologia utilizada consistiu no recrutamento de 27 pessoas com doença de Parkinson. Cada uma recebeu um sensor que registra a velocidade de caminhada. Foram realizados dois testes: andar em linha reta durante 20 metros e andar em círculos durante cinco voltas. Os testes foram realizados durante o tratamento com um medicamento que reduzia os problemas motores e repetidos sem o uso do medicamento. Esta parte da pesquisa serviu para calcular as velocidades média e máxima de caminhada de cada pessoa.

Em entrevista para o site da EPFL, o doutorando da equipe de Aminian Arash Atrsaei, explicou que “as atividades da vida cotidiana podem fornecer-nos mais informações e revelar como corre a vida real, por isso pedimos aos pacientes que fossem para casa e usassem o sensor ao longo um dia".

Em alguns casos, durante as atividades diárias, alguns pacientes caminharam ainda mais depressa do que a velocidade máxima medida na clínica. Esses eventos ocorreram entre 30 minutos e três horas depois de terem tomado a medicação. Os resultados revelaram que o controle da velocidade de caminhada no dia a dia dos pacientes pode ajudar os médicos a otimizar a dosagem de medicamentos, com base nos sintomas motores de cada um.

Além disso, os sensores e os seus algoritmos, permitem aos médicos monitorarem os pacientes remotamente, o que pode ser uma vantagem na proteção de pessoas vulneráveis, em situações como a pandemia do coronavírus. “É uma oportunidade de medir a mobilidade dos pacientes em seu ambiente natural por 24 horas, sete dias por semana, em vez de em condições clínicas intermitentes”, ressalta Atrsaei.

O dispositivo já está sendo testado clinicamente e, segundo o doutorando, há vários projetos europeus que visam integrar sensores vestíveis na avaliação clínica diária da mobilidade. O estudo revela, mais uma vez, que a engenharia pode fornecer instrumentos importantes para que áreas essenciais à vida possam se desenvolver ainda mais.

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