O monitoramento do espaço é, cada vez mais, uma realidade brasileira. Em março deste ano, foi lançado o segundo nanossatélite do Programa NanoSatC-BR, uma parceria entre UFSM e Inpe. Atualmente, o satélite NanoSatC-BR2 encontra-se orbitando a Terra há mais de 500 km de altitude e aproximadamente 7,5 km/s. É possível acompanhá-lo simultaneamente neste site:
Professor do Departamento de Engenharia Mecânica do curso de Engenharia Aeroespacial da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), o Dr. Eng. Eduardo Escobar Bürger explica que o projeto tem três finalidades: científica, tecnológica e educacional.
“É científico porque quer monitorar no geoespaço a intensidade do campo geomagnético e a precipitação de partículas energéticas ionizantes; tecnológico pois pretende qualificar no espaço circuitos integrados projetados no Brasil; e, finalmente, educacional devido ao envolvimento de vários alunos de graduação da UFSM e pós-graduação do Inpe. Também inclui dentro desse objetivo um experimento de comunicação de pacotes (storeforward) para rede de radioamadores”, afirma.
O programa NanoSatC-BR lançou, em 2014, o primeiro CubeSat (padrão internacionalmente utilizado de nanossatélite) brasileiro, projeto do qual o Engenheiro também teve participação. O NanoSatC-BR2, lançado em 22 de março deste ano do Cosmódromo de Baikonour, no Cazaquistão, é o segundo do projeto.
“Este é um satélite miniaturizado do tipo CubeSat 2U, com 1,72 kg de massa, que foi lançado em órbita baixa (LEO), pelo lançador Russo Soyuz-2, operado pela Roscosmos”, explicou Eduardo, que contou que o terceiro nanossatélite já está em desenvolvimento.
Os responsáveis pelos nanossatélites são alunos de graduação, bolsistas e professores da UFSM, tecnologistas, pesquisadores e pós-graduandos do MCTI/INPE, que formam a equipe do Programa NanoSatC-BR. Pioneiro no lançamento de CubeSats, foi criado em 2006, pelo Dr. Nelson Jorge Schuch, pesquisador do Inpe e atual coordenador do Coesu/Inpe.
Para o Dr. Eng. Eduardo, o desenvolvimento de iniciativas como esta representa ganhos em diversas áreas. “Para a ciência, que acrescenta mais uma ferramenta de baixo custo para realizar pesquisas no espaço; para a tecnologia espacial brasileira, que ganha a oportunidade de validar no espaço tecnologias inovadoras para que, posteriormente, sejam usadas em missões de maior porte e, por último e mais importante, representa ganhos de mão de obra qualificada para o setor espacial brasileiro”, acredita.
O professor também destaca as possibilidades de uso dessa tecnologia como fonte comercial e para aplicações de defesa, o que já é realidade em outros países.
Até o momento, o Brasil já lançou sete nanossatélites, tanto pela UFSM e pelo Inpe, como por outras instituições de ensino e pesquisa. Eduardo diz que há muitas iniciativas planejadas para os próximos anos e espera que o País siga investindo na área, pois esse investimento sempre é revertido em oportunidades educacionais, econômicas e, consequentemente, sociais.
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