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Tecnologia gaúcha transformará resíduos da COP 30 em adubo orgânico 

A startup gaúcha Igapó, participou da COP 30, conferência climática da ONU realizada em novembro, em Belém (PA). A empresa foi selecionada pelo Global Methane Hub, em parceria com o Instituto Pólis, para instalar no evento uma composteira de grande porte, com capacidade de processar até cinco toneladas de resíduos orgânicos por dia, totalizando cerca de 180 toneladas ao longo da conferência. O equipamento permanecerá na cidade como legado para Belém. 

A composteira com montagem no Rio Grande do Sul foi transportada em dois caminhões até o Pará. Segundo o Engenheiro Ambiental Artur Ferrari, fundador da Igapó, o processo envolve um grande desafio logístico: 

“Decidimos enviar o equipamento já montado no sistema plug and play — foi só chegar, ligar e operar. Assim, evitamos qualquer risco de montagem no local e garantimos que tudo funcione perfeitamente desde o primeiro dia”, explica. 

Tecnologia patenteada e 100% desenvolvida no RS 

Com tecnologia própria e patenteada pela Igapó, a composteira trata resíduos orgânicos em duas etapas: compostagem termofílica (alta temperatura) e vermicompostagem (ação de minhocas). Todo o processo é mecanizado, do tambor rotativo à etapa de maturação do adubo, o que reduz o tempo total de compostagem de cerca de 120 para 40 dias. 

“ O sistema passa primeiro pela compostagem termofílica, onde os microrganismos elevam a temperatura dentro do tambor rotativo, promovendo a oxigenação e mistura dos resíduos”, detalha Ferrari. “Depois de sete a dez dias, o material segue para a vermicompostagem, onde as minhocas finalizam a estabilização do composto em mais 30 dias. No fim, temos um adubo orgânico de alta qualidade.” 

Produzida integralmente no Rio Grande do Sul, a composteira conta com apoio de Engenheiros Mecânicos, mas toda a concepção e o desenvolvimento do protótipo partiram do próprio Ferrari. 

“Nosso objetivo sempre foi tratar o resíduo no local onde ele é gerado, evitando transporte e reduzindo emissões de gases de efeito estufa. Assim, diminuímos o impacto ambiental em toda a cadeia”, afirma” 

Tecnologia gaúcha transformará resíduos da COP 30 em adubo orgânico 
Tecnologia gaúcha transformará resíduos da COP 30 em adubo orgânico 

Origem da ideia: da universidade ao empreendedorismo 

Com tecnologia própria e patenteada pela Igapó, a composteira trata resíduos orgânicos em duas etapas: compostagem termofílica (alta temperatura) e vermicompostagem (ação de minhocas). Todo o processo é mecanizado, do tambor rotativo à etapa de maturação do adubo, o que reduz o tempo total de compostagem de cerca de 120 para 40 dias. 

“ O sistema passa primeiro pela compostagem termofílica, onde os microrganismos elevam a temperatura dentro do tambor rotativo, promovendo a oxigenação e mistura dos resíduos”, detalha Ferrari. “Depois de sete a dez dias, o material segue para a vermicompostagem, onde as minhocas finalizam a estabilização do composto em mais 30 dias. No fim, temos um adubo orgânico de alta qualidade.” 

Produzida integralmente no Rio Grande do Sul, a composteira conta com apoio de Engenheiros Mecânicos, mas toda a concepção e o desenvolvimento do protótipo partiram do próprio Ferrari. 

“Nosso objetivo sempre foi tratar o resíduo no local onde ele é gerado, evitando transporte e reduzindo emissões de gases de efeito estufa. Assim, diminuímos o impacto ambiental em toda a cadeia”, afirma” 

A Igapó nasceu de um projeto acadêmico. Formado em Engenharia Ambiental e mestre em Engenharia de Materiais pela UFRGS, Ferrari começou a pesquisar compostagem ainda no mestrado, quando desenvolvia um fertilizante líquido a partir de húmus de minhoca para cultivo hidropônico. 

“Durante o mestrado, alguém comentou que queria fechar o ciclo todo no mesmo lugar — gerar o resíduo, tratá-lo, produzir o fertilizante e transformá-lo em alimento. Fui procurar soluções de média escala e não encontrei nada no Brasil. Foi aí que decidi criar o equipamento”, relembra. 

Em 2022, o engenheiro iniciou o desenvolvimento do primeiro protótipo, um tambor de madeira usado apenas para testar a “rota tecnológica”. Depois de um ano de experimentos, a Igapó transformou o conceito em um produto mecanizado e escalável, capaz de atender desde escolas até indústrias e prefeituras. 

 

 

Inovação e automação verde 

A startup foi contemplada pelo edital Tecnova III, da Fapergs, para avançar na automação das composteiras. O projeto, desenvolvido em parceria com a Embrapii e a Furg, prevê sensores de temperatura, peso e emissões de CO2 integrados a plataformas de cidades inteligentes. 

“Estamos desenvolvendo sensores e automação com uma equipe de engenheiros. O conhecimento técnico é essencial para entender como o processo deve reagir e ajustar os controles de forma automática”, explica Ferrari. “Nosso objetivo é tornar o tratamento de resíduos mais eficiente, confiável e de baixo custo. ” 

A previsão é que, até o início de 2026, o sistema automatizado esteja pronto para comercialização. 

 

Da COP 30 à Redenção: educação ambiental e legado urbano 

Além do projeto em Belém, a Igapó também prepara a instalação de uma composteira no Parque da Redenção, em Porto Alegre, a primeira em uma área pública aberta. 

“Escolhemos a Redenção por ser o coração da cidade. Queremos que as pessoas vejam o processo, entendam como funciona e percebam que é possível tratar o resíduo onde ele é gerado”, diz Ferrari. “Mais do que tecnologia, é uma ação de educação ambiental. ” 

O projeto foi autorizado pela Prefeitura de Porto Alegre como uma prova de conceito de dois anos, envolvendo várias secretarias municipais. Além do tratamento dos resíduos do parque, estão previstas oficinas e visitas de escolas públicas, reforçando o caráter social e pedagógico da iniciativa. 

 

 

Impactos ambientais e sociais duradouros 

Durante a COP 30 e nas futuras aplicações, a tecnologia da Igapó deve contribuir para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, minimizar o envio de resíduos a aterros e gerar adubo para áreas verdes e hortas urbanas. 

“O composto devolve vida e nutrientes ao solo, podendo ser usado em praças, jardins e hortas comunitárias. Isso traz benefícios ambientais e também sociais, promovendo segurança alimentar e bem-estar nas comunidades”, observa o engenheiro ambiental. 

A composteira permanecerá em Belém após o evento, operando de forma permanente no tratamento dos resíduos da cidade. 

 

 

Engenharia, inovação e propósito 

Com composteiras em operação em instituições como PUCRS, Hospital São Lucas e Prefeitura de Porto Alegre, a Igapó já tratou mais de 250 toneladas de resíduos orgânicos. O plano da startup é atingir 10.080 toneladas por ano de capacidade instalada em dois anos e expandir suas operações para o Cone Sul, consolidando-se como referência latino-americana em economia circular. 

Ferrari acredita que o papel do Engenheiro Ambiental vai muito além da técnica, é também uma missão de inovação. 

“A gente precisa usar o conhecimento técnico para encontrar novas formas de fazer o que já fazemos. Repetir os mesmos erros não nos leva a lugar nenhum”, reflete. Temos universidades fortes e muitos engenheiros competentes no estado. Falta transformar ideias em soluções reais, foi o que tentei fazer para que minha pesquisa não virasse só 70 páginas esquecidas numa biblioteca.” 

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