
Eng. Agr. Leonardo Gonçalves Cera - Diretor Presidente da SARGS e Conselheiro do CREA-RS | Eng.ª Agr.ª Marta Helena Ebert Hamm Oliveira - Diretora Vice-presidente da SARGS | Eng. Agr. Fernando Luis Barcellos Mallmann - Diretor Administrativo da SARGS | Eng. Agr. Guilherme Hernandez Bilibio - Diretor Financeiro da SARGS | Eng. Agr. Pedro Henrique Ruwer - Diretor Técnico da SARGS | Eng. Agr. Moacir Cardoso Elias - Diretor de Política Profissional da SARGS

O Reconhecimento do Agroturismo como Área de Atuação e Atribuição Profissional dos Engenheiros Agrônomos: Avanços e Perspectivas
RESUMO
O reconhecimento do agroturismo como área de atuação e atribuição profissional dos Engenheiros Agrônomos pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Rio Grande do Sul (CREA-RS), aprovado em 2025 pela Câmara Especializada de Agronomia (Ceagro-RS), constitui um marco histórico para a valorização da profissão e o fortalecimento do desenvolvimento rural sustentável. Por meio da revisão bibliográfica, o estudo examina o papel estratégico da Sociedade de Agronomia do Rio Grande do Sul (Sargs) nesse processo, abordando as implicações técnicas, sociais e profissionais da medida. O artigo aprofunda a análise sobre a integração das diferentes cadeias produtivas - do agronegócio ao turismo - evidenciando a relevância da atuação do Engenheiro Agrônomo na gestão, planejamento e inovação desses empreendimentos. Conclui-se que o reconhecimento amplia significativamente o campo de atuação da Agronomia, fortalece a conexão entre produção agropecuária, agroindústria e turismo, e consolida a contribuição desses profissionais para experiências turísticas inovadoras, sustentáveis e inclusivas.
Palavras-chave: agroturismo, turismo rural, responsabilidade técnica, agronomia.
INTRODUÇÃO
O turismo rural tem se consolidado, nas últimas décadas, como alternativa relevante para a diversificação econômica do espaço agrário brasileiro, promovendo a valorização da produção agropecuária e agroindustrial, a conservação ambiental e a preservação cultural dos territórios. Após a pandemia da Covid-19, esse segmento ganhou ainda mais relevância, em virtude da crescente busca por destinos com menor aglomeração de pessoas e maior contato com a natureza.
Pioneiramente no Rio Grande do Sul, há mais de 30 anos, a vitivinicultura associada ao enoturismo inaugurou, na Serra Gaúcha, uma trajetória de integração entre turismo e produção rural. Mais recentemente, o avanço da cultura vitivinícola também se destaca na Campanha Gaúcha, consolidando a região como novo polo de enoturismo. Atividades como a olivicultura, com a produção de azeite de oliva, fomentam o oliviturismo; o cultivo da noz-pecã integrado à ovinocultura; e o cultivo de lúpulo, para produção de cervejas artesanais, exemplificam a expansão do agroturismo em diferentes regiões do Estado.
A piscicultura, vinculada ao modelo “pesque e pague”, abriu as porteiras das propriedades rurais para a recepção de visitantes e oferta de experiências inovadoras. Diversas iniciativas da agricultura familiar, como a produção orgânica de hortifrutigranjeiros, têm explorado ações como “colha e pague”, especialmente voltado ao turismo pedagógico, permitindo às crianças compreender a origem dos alimentos e aproximando o público urbano do meio rural.
MATÉRIA DE CAPA
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PALAVRA DA PRESIDENTE

ARTIGOS

CIVIL
INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS
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FISCALIZAÇÃO


Nas regiões produtoras de erva-mate, o agroturismo vem sendo impulsionado pela recepção de visitantes, que aprendem sobre manejo e beneficiamento da planta, resgatando a história indígena local e reforçando o chimarrão como símbolo da identidade gaúcha e da socialização. Outro destaque são as propriedades dedicadas à pecuária leiteira, que recebem turistas interessados em conhecer o processo produtivo: desde a alimentação, conforto animal e manejo das vacas até a ordenha, qualidade do leite e fabricação de derivados lácteos, como queijos, manteigas, iogurtes e doces.
A fruticultura nas regiões Sul e nos Campos de Cima da Serra, com destaque para a produção de pêssego, maçã, pera, morango, pitaia, kiwi, uva, citros, entre outras, também se insere nesse cenário, evidenciando inovações tecnológicas do setor, tanto pela venda de frutas in natura quanto pela transformação em compotas, geleias e outros produtos, inclusive pelas agroindústrias familiares.
As plantas medicinais ressurgem como atrativo por meio do resgate de saberes tradicionais, agora confirmados pela ciência em suas propriedades fitoterápicas. Aliam-se a esse segmento o cultivo de suculentas, cactáceas, a floricultura e plantas para extração de óleos essenciais, valorizadas no paisagismo e no bem-estar. Algumas instituições de ensino, a exemplo do curso de Agronomia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) têm realizado projetos de extensão rural, como “Flores para Todos”, que fomenta a produção ornamental nas propriedades rurais, contribuindo com o desenvolvimento do agroturismo como empreendimento agregador de renda para as famílias.
Na apicultura, o turismo tem se destacado principalmente com a criação de abelhas sem ferrão, permitindo interação segura entre visitantes e colmeias, ampliando o conhecimento sobre a organização social desses insetos e seu papel crucial na polinização de plantas, além de oferecer a oportunidade de degustar e adquirir produtos derivados do mel.
No âmbito ambiental, especialmente em regiões impactadas por cheias, como o Vale do Taquari, o uso de espécies vegetais, como o capim Vetiver, tem se destacado na contenção de encostas, taludes, proteção de margens de cursos d’água e fitorremediação. Essas plantas formam barreiras naturais que reduzem a velocidade do escoamento superficial, favorecem a infiltração da água no solo e retêm sedimentos, prevenindo o assoreamento dos rios. Tais práticas têm despertado o interesse de visitantes e grupos que buscam conhecer iniciativas capazes de mitigar os efeitos climáticos, especialmente durante períodos de alta precipitação.

