1º Encontro Nacional de Cursos de Engenharia Florestal (ENCEF)
Edison Bisognin Cantarelli
Engenheiro Florestal, Prof. Dr. da Universidade Federal de Santa Maria campus Frederico Westphalen-RS e Conselheiro da Câmara Especializada da Engenharia Florestal.
E-mail: cantarelli@ufsm.br
Karla Borelli
Engenheira Florestal, Doutorado em andamento em Ciência Florestal na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquista Filho”, Faculdade de Ciências Agronômicas (FCA), Botucatu/SP.
E-mail: karlaborelli0@gmail.com
O Brasil certamente é um País florestal. Possuímos o maior percentual de cobertura florestal do mundo, com 63% do nosso território (DE MELLO et al., 2020). Temos na nossa fitogeografia, seis biomas que trazem um desafio muito grande na formação de profissionais capazes de gerir estes recursos naturais. O Brasil também é o País com mais cursos de Engenharia Florestal no mundo. Para se ter ideia da importância, a soma de todos os cursos dos demais países da América Latina é menor que a quantidade que temos de cursos no nosso País. No entanto, existe uma dificuldade muito grande de conexão e aproximação destas escolas de formação profissional.
Atualmente o Brasil possui 73 cursos em atividade, distribuídos em todas as regiões. A partir de uma iniciativa da CCEEF (Coordenação Nacional das Câmaras Especializadas da Engenharia Florestal), com apoio do Confea (Conselho Federal de Engenharia e Agronomia), através da entidade de classe SBEF (Sociedade Brasileira de Engenheiros Florestais) foi viabilizada a organização de um evento de forma híbrida.
Entre os dias 10 e 12 de julho de 2022 acontecerá, em Brasília (DF), o 1º Encontro de Cursos de Engenharia Florestal do Brasil (Encef) com objetivo geral de aproximar, integrar e ampliar a discussão sobre o ensino da Engenharia Florestal, sob a perspectiva da atuação profissional frente aos desafios impostos pela inovação na ciência, tecnologia e sustentabilidade.
Os coordenadores e representantes de plenário das Coordenadorias de Câmaras Especializadas de Engenharia Florestal (CCEEF) dos Creas do Brasil, realizaram amplo estudo sobre a necessidade de atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs). As Diretrizes Curriculares Nacionais da Engenharia Florestal vigentes, foram estabelecidas por meio da Resolução n° 3 do CNE/CES/MEC, de 2 de fevereiro de 2006, cuja estrutura curricular está desatualizada, frente às novas mudanças e inovações no mercado de trabalho. Por outro lado, as atribuições profissionais são concedidas pela Resolução n° 1073/2016 e conferidas pelo art. 10 da Resolução n° 218/1973, ambas do Confea, e demais dispositivos legais. Neste sentido, a CCEEF vem discutindo e elaborando propostas a fim de orientar e reforçar a importância da resolução n° 1073/2016 do Conselho Federal.
Em atendimento à pauta específica do Confea, relacionada à análise curricular sob a ótica das Novas Diretrizes Curriculares Nacionais da Engenharia, a CCEEF propôs em seu Programa Anual de Trabalho - Exercício 2020, a inclusão do tema visando sugestão e atualização para as Novas Diretrizes Curriculares Nacionais da Engenharia Florestal, dentro das perspectivas da ciência florestal. No entanto, muitas são as dúvidas e dificuldades para que tenhamos uma uniformidade, em nível nacional, devido às peculiaridades e características regionais em que estão localizados os cursos de graduação da Engenharia Florestal. Aliado a isto, recentemente o MEC, através do Conselho Nacional de Educação, publicou novas DCNs para as Engenharias e outros cursos, as quais vêm seguindo uma nova proposta de desenvolver competências e habilidades nos egressos e não mais a visão de conteúdo e disciplinas. Assim, se vê a necessidade de discutir junto a todas as escolas de Engenharia Florestal do País, esta nova abordagem que será, certamente, uma quebra de paradigma na formação profissional.
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Não obstante, também temos a Resolução nº 07/2018 do Ministério da Educação, que estabelece, até o final de 2022, a implementação de inclusão de extensão em um mínimo de 10% da carga horária curricular. Esta reforma dos Projetos Pedagógicos de Curso (PPC), a fim de atender a presente Resolução, seria muito importante que viesse a ser realizada de forma conjunta com os demais cursos de Engenharia Florestal.
No entanto, percebe-se a dificuldade de disseminação destas informações a todos os docentes e coordenadores dos cursos no Brasil, uma vez que não possuímos nenhum elo de contato mútuo entre os cursos de graduação. A partir da realização deste evento, espera-se alcançar os seguintes objetivos:
a) Interação entre os coordenadores de curso, possibilitando a troca de experiências conforme suas características regionais;
b) Construção de um grupo permanente de discussão e atualização na formação profissional do (a) Engenheiro (a) Florestal no Brasil;
c) Fomentar a discussão sobre a importância da definição do perfil do egresso, competências e habilidades que devem ser desenvolvidas em cada escola;
d) Padronização das áreas de atuação do (a) Engenheiro (a) Florestal;
e) Integração entre profissionais na discussão sobre as tendências e desafios no ensino, pesquisa e extensão da Engenharia Florestal;
f) Uniformização das grades curriculares quanto aos conteúdos básicos, essenciais e profissionalizantes do (a) Engenheiro (a) Florestal;
g) Reforçar a importância de uma constante aproximação entre as escolas, entidades de classe e os Conselhos profissionais na busca de ampliação das atribuições profissionais.
O evento contará com uma programação de palestras, mesa redonda e painel de discussão entre os participantes. Um ponto a se destacar é a participação do MEC (Ministério de Educação), por meio do CNE (Conselho Nacional de Educação), sendo que seus conselheiros irão ministrar duas palestras voltadas aos temas propostos de: perspectivas da nova DCN para a Engenharia Florestal e hibridização dos currículos; e a inserção da extensão nos currículos dos cursos de graduação.
Também será abordada a temática de competências na formação acadêmica; matriz curricular e a concessão de atribuição profissional; ações voltadas à inclusão da extensão na Engenharia Florestal e, por fim, a apresentação de um estudo de caso da extensão no PPC da Engenharia Florestal.
Sendo assim, justifica-se a realização de um primeiro encontro nacional para que possamos nivelar e definir os caminhos da profissão. Espera-se que após o evento esta aproximação entre as escolas de Engenharia Florestal do Brasil tenha continuidade na discussão de tantos outros temas tão importantes para o crescimento e desenvolvimento da nossa profissão no País. E como dito por Felipe S. Vieira (2021): “O banco da escola é tão importante quanto as horas no campo”. Por esta razão a discussão sobre o ensino florestal brasileiro nunca deve parar, uma vez que, as inovações são constantes.
REFERÊNCIAS
IBGE. Monitoramento a Cobertura e Uso da Terra do Brasil 2016 – 2018. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101703.pdf
DE MELLO, K. et al. Multiscale land use impacts on water quality: Assessment, planning, and future perspectives in Brazil, Journal of Environmental Management, vol. 270. 2020.
VEIRA, F.S. Caminhos e desafios da formação do homo-florestal. A formação do profissional florestal. Revista Opiniões. Ano 18, número 64, 2021.
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