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Calculadora de água 

Equipe do IPT desenvolve ferramenta on-line de conscientização ambiental para auxiliar no entendimento de como a água é utilizada nas residências.

Você sabe como é o consumo de água em sua casa ou apartamento? É provável que você confira em sua conta mensal o volume medido em metros cúbicos, mas talvez não saiba quanto gaste em cada uma das atividades que faz em sua residência e, tampouco, a quantidade de vezes que utiliza a água e os tempos em que permanece com as torneiras abertas durante os usos. 

Pesquisadores do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) desenvolveram uma calculadora on-line que permite estimar o consumo da água para uma pessoa ou para todas os indivíduos que moram juntos em uma residência, tanto em casas quanto em apartamentos. Após estimar o consumo, é possível verificar o quanto de água poderia ser poupada se fossem utilizados equipamentos economizadores, e o usuário ainda poderá ter uma ideia de quanto da água consumida em uma casa poderia ser, teoricamente, substituída por de água da chuva. 

A calculadora permite a sua utilização por pessoas sem conhecimentos técnicos específicos, tanto em computadores quanto em celulares. O diferencial da ferramenta desenvolvida é sua composição em três módulos que permitem, não só a estimativa de consumo, como também a simulação de economia de água com o uso de tecnologias economizadoras: 

• Módulo de consumo de água: permite a simulação de consumo de água a partir da introdução de dados de frequência e tempo de utilização da água para as atividades mais corriqueiramente realizadas em ambiente doméstico. O sistema possibilita que a simulação seja realizada a partir da consideração de vazões de referência para cada tipologia. A função desta etapa é que o usuário perceba o efeito do seu comportamento de uso no consumo de água: o resultado é o volume de água consumido, calculado segundo os dados fornecidos para uso individual ou coletivo, o que possibilita a observação da quantidade de água gasta em cada um dos usos nos diversos ambientes (banheiro, cozinha, área de serviço e, em casas, na área externa) e para a edificação como um todo, considerando o consumo por dia, mês ou ano; 

• Módulo de economia de água: o usuário é aqui convidado a adicionar equipamentos economizadores bastante difundidos (arejadores, redutores de vazão, pulverizadores, descarga dupla para bacia sanitária e lavadoras pressurizadas) e de fácil instalação aos pontos de consumo de água preenchidos na etapa anterior, observando a economia potencial gerada a partir de soluções tecnológicas simples. Ao final da etapa, é mostrado o consumo de água com e sem a introdução do equipamento economizador selecionado pelo usuário; 

Módulo de água de chuva: aplicável somente quando a simulação é feita para uma casa. O usuário é convidado a entrar com dados referentes à residência e a selecionar alguns usos em que seja possível substituir a água potável por água de chuva na edificação. A calculadora permite que seja realizada uma simulação da substituição potencial média de água potável por água de chuva, mês a mês ao longo de um ano, informando o percentual de economia de água potável para os usos selecionados, esperado para um ano de chuvas dentro da média. 

“A simulação permite que os usuários observem seu padrão de consumo de água e identifiquem, a partir dos hábitos de uso, atividades em que os gastos são mais significativos e, eventualmente, possam ser reduzidos”, explica o pesquisador Engenheiro Químico Luciano Zanella, um dos criadores da calculadora. “Também podem ser explorados e testados cenários alternativos de consumo de água, uma experimentação virtual na qual é possível ajustar variáveis como duração do banho, uso de descargas sanitárias, frequência de irrigação de jardins e volume de água usado em atividades diárias, entendendo como isso se reflete no consumo mensal”

Consumo nos Diferentes Cômodos  – A calculadora foi desenvolvida como parte do trabalho de capacitação em ferramentas digitais da área de habitação e edificações pelos pesquisadores Zanella e Wolney Castilho Alves da seção de Planejamento Territorial, Recursos Hídricos, Saneamento e Florestas do IPT. A pesquisa de fontes para a ferramenta foi calcada em literaturas diversas nacionais e estrangeiras, artigos, livros, manuais, em normas nacionais e internacionais e na análise ferramentas e checklists similares. 

Consumo de água de uma ducha pode ser mais de dez vezes maior do que o consumo para um chuveiro elétrico em um mesmo tempo de banho.

Segundo Zanella, os maiores consumos de água nas residências do Brasil têm origem nos banheiros por conta dos banhos diário ou, melhor dizendo, mais de um banho: segundo uma pesquisa divulgada em 2021 pela Procter & Gamble (P&G), multinacional do setor de limpeza e cuidados pessoais, o brasileiro toma, em média, 8,5 banhos por semana – dois a mais do que os norte-americanos. E o consumo de água nas residências dos brasileiros, particularmente nos banheiros, pode ser ainda maior de acordo com os equipamentos utilizados na edificação. 

O uso de água em chuveiros elétricos, por exemplo, tende a ser bem menor do que a utilização em duchas. Além do funcionamento com menores vazões, quando comparado às duchas, o aquecimento da água em chuveiros elétricos é feito variando a vazão da água que passa pelo equipamento, que tem uma capacidade constante de aquecimento – ou seja, quanto menor a vazão, mais quente a água para o banho. No caso de ducha, o aquecimento de água é feito usualmente em um reservatório que alimenta a ducha proporcionando temperaturas elevadas, independentemente da vazão selecionada pelo usuário, um dos motivos que colaboram para banhos com maiores vazões de água. 

“Neste caso o controle da temperatura é feito misturando água quente à água fria, o que pode proporcionar banhos com grande volume de água em temperaturas confortáveis. Existem inúmeros modelos de duchas que, consequentemente, proporcionam consumos bastante diferentes de águas. O consumo de água de uma ducha pode ser mais de dez vezes maior que o consumo para um chuveiro elétrico para o mesmo tempo de banho”, ressalta o pesquisador. 

Ainda em relação ao consumo de água em banheiros, o pesquisador do IPT lembra que, em edificações nas quais os sistemas de descarga são mais antigos, é possível encontrar dispositivos que gastam até 15 litros de água para uma descarga de bacia sanitária. Equipamentos mais modernos permitem que volumes menores sejam empregados, explica Zanella: “A referência normativa vigente preconiza que a descarga dada por um dispositivo tipo caixa acoplada seja de 6,8 litros; caso seja usada uma caixa de descarga de acionamento duplo, é mantido o volume de 6,8 litros para uma descarga completa e o volume de 3 litros para a descarga curta, destinada a remoção somente de líquidos”

Saindo do banheiro e indo para a lavanderia, outro equipamento que chama a atenção para as diferenças no consumo de água é a máquina de lavar roupa: as lavadoras com abertura frontal exigem menos água para um ciclo de lavagem do que as lavadoras com abertura superior. “O consumo deve ser verificado modelo a modelo, principalmente devido à capacidade da lavadora e ao processo de lavagem empregado, mas, como referência média, o consumo de água por uma máquina de abertura superior é de 30% a 80% superior ao consumo para uma máquina de abertura frontal e mesma capacidade”, afirma Zanella. 

“A ideia da calculadora não é a precisão nos resultados – que seria possível apenas pela medição direta do consumo, devido a uma série de variáveis tecnológicas e comportamentais envolvidas no uso da água – mas servir como uma ferramenta de auxílio na educação ambiental que tire os usuários do modo automático de uso de água e chame a atenção para como a água é utilizada”, explica Zanella. “Isto irá trazer foco para a frequência e o tempo efetivo de uso para as atividades mais corriqueiramente realizadas em ambiente doméstico e as consequências desse comportamento para o consumo de água”

Fomentar o uso eficiente da água é uma das estratégias para promover a educação ambiental, cada vez mais necessária em épocas de variações históricas nos regimes de chuva. Ainda é presente na memória de todos que o estado de São Paulo enfrentou uma longa estiagem entre os anos de 2013 e 2015 e que mesmo com a ocorrência de alguns períodos de chuvas mais intensas, os volumes dos reservatórios não alcançaram novamente sua plenitude, o que ressalta a necessidade de economia desse recurso. 

A calculadora pode ser acessada gratuitamente no endereço calculadoradeagua.ipt.br. É bom lembrar, diz o pesquisador, que os valores obtidos são uma referência média: o consumo pode variar bastante de acordo com os hábitos de uso, a pressão da água, o tipo de equipamento e a abertura das torneiras.

Fonte: IPT 

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