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Edison Cantarelli, Dr. em Engenharia Florestal, CREA RS 107.488,

Josita Monteiro Soares, Dra. em Engenharia Florestal, CREA RS 140403 

Sara Chagas de Souza, Msc em Engenheira Florestal, CREA RS 210349 

Aconteceu em Belém o 3º Encontro Nacional dos Cursos de Engenharia Florestal (Encef) 

INTRODUÇÃO 

Entre os dias 28 e 31 de outubro de 2024 ocorreu em Belém, no Pará, o 3º Encontro Nacional dos Cursos de Engenharia Florestal (Encef). O encontro reuniu profissionais, acadêmicos e instituições de ensino de Engenharia Florestal de todo o Brasil. Como ocorreu em formato híbrido, diversos profissionais do Rio Grande do Sul puderam participar, incluindo professores dos campi de Engenharia Florestal da UFSM e da Unipampa. A delegação gaúcha foi representada em Belém pela coordenadora de curso, campus Santa Maria, e conselheira do CREA-RS, Josita Soares Monteiro e professores do campus Frederico Westphalen Edison Cantarelli (conselheiro do CREA-RS) e Oscar Torres Figueiredo (coordenador substituto do curso), que contribuíram para o fortalecimento da atuação regional durante o evento. 

O evento buscou fortalecer a colaboração entre universidades e o setor produtivo, além de alinhar a formação dos Engenheiros Florestais com as crescentes demandas ambientais e sociais. Entre os objetivos principais do encontro, destacou-se a importância da atualização das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para o curso de Engenharia Florestal, visando capacitar profissionais para enfrentar os desafios da atualidade, incluindo temas como mudanças climáticas, bioeconomia e inovação tecnológica. 

O Encef trouxe temas centrais para a evolução da profissão, com palestras de áreas como mercado de carbono, manejo de florestas nativas, bioeconomia e a integração do Engenheiro Florestal com as comunidades locais. A metodologia do evento priorizou apresentações e debates interativos, possibilitando um ambiente dinâmico para a troca de conhecimentos e proposições. Em seguida, apresentamos os principais temas debatidos e as propostas de ação para fortalecer a formação e prática da Engenharia Florestal no país. 

DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS 

O encontro teve início com uma palestra de abertura ministrada pelo Dr. Niro Higuchi, que destacou a importância de fortalecer a educação sobre mudanças climáticas e a necessidade de maior integração entre disciplinas no currículo, enfatizando que as ações contra o aquecimento global terão impactos para as gerações futuras. Entre os pontos positivos, destacou-se que o currículo de Engenharia Florestal abrange a maioria das áreas essenciais para a formação de profissionais competentes. 

A Dra. Lina Bufalino enfatizou o papel da nanotecnologia e da inovação na criação de bioprodutos e bioenergia, visando substituir parcialmente os combustíveis fósseis. O debate que se seguiu abordou a importância de uma comunicação mais eficaz com a sociedade, buscando desmistificar o consumo sustentável da madeira. 

No segundo dia, Dr. Diego Camelo, da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ) apresentou dados sobre o setor de florestas plantadas e seu potencial. Deryck Martins, que é presidente da Associação das Indústrias Exportadores de Madeira do estado do Pará, abordou a importância do manejo florestal para o desenvolvimento sustentável e a mitigação das mudanças climáticas, conteúdo que também foi abordado por Pedro A. Salles. Além disso, Dr. Marcelo Francia Arco Verde, chefe da Embrapa Florestas, trouxe uma perspectiva sobre os desafios e oportunidades para o uso sustentável das florestas brasileiras e suas contribuições para os ODS e a Agenda 2030. Ele enfatizou a importância de valorizar as comunidades rurais, desenvolvendo tecnologias para espécies nativas e fortalecendo a cadeia produtiva de produtos locais. Entre os desafios, destacou a erradicação da pobreza e a proteção ambiental como metas complexas de serem alcançadas, sugerindo que o fortalecimento da assistência técnica e o acesso a programas de crédito são passos essenciais.  

Dr. Danilo Almeida falou sobre a regulamentação do mercado de carbono e os projetos de REDD+ e ARR voltados à conservação florestal. Danilo ressaltou o papel social desses projetos na conscientização ambiental e a importância de regulamentações mais robustas para o mercado de carbono no Brasil. A discussão foi complementada pela apresentação de César Tenório, que trouxe um panorama das políticas de extensão florestal e o papel da assistência técnica no manejo comunitário.  

No terceiro dia do evento, o painel sobre bioeconomia e manejo florestal, liderado pelo Dr. Fabrício Nascimento Ferreira, destacou o papel dos Engenheiros Florestais na gestão sustentável da biodiversidade brasileira. Com base em dados da Embrapa, enfatizou-se a necessidade de intensificar a restauração florestal e o combate ao desmatamento.  

Dra. Gracialda Ferreira complementou com uma visão sobre a sociobioeconomia, reforçando a necessidade de os profissionais colaborarem com as comunidades locais, desenvolvendo projetos de pesquisa-ação que promovam o uso sustentável dos recursos.  

A questão da formação profissional dos Engenheiros Florestais foi abordada por Jéssica C. Oliveira Maciel, que compartilhou suas experiências com a Rede Mulher Florestal e os desafios de inclusão de gênero no setor. A discussão destacou a importância de políticas específicas para promover a equidade e estimular a participação feminina em todas as áreas da Engenharia Florestal. Além disso, Dra. Marcela Gomes da Silva e Juliana da Cunha também falarem da temática de gênero, além de outras pautas. 

Eleandro Brun e Dr. Fábio de Jesus Batista discorreram sobre a experiência com a residência profissional em Engenharia Florestal no sul do Brasil. E, por fim, a Engenheira Civil Adriana Falconeri abordou a importância das competências profissionais, ressaltando a necessidade de regulamentação atualizada, e da ética profissional. Os desafios do mercado de trabalho também foram debatidos, como a escassez de profissionais qualificados para atuar na área de fiscalização e manejo.  

Na palestra da professora Dra. Rose das Graças Bezerra de Souza, foi enfatizada a importância de um currículo por competências que integre conteúdos e contextos reais para os alunos, além de metodologias ativas para o desenvolvimento da autonomia estudantil. Segundo Rose, “o aprendizado acontece de forma mais eficiente quando o estudante consegue ver seu papel e impacto na sociedade, integrando teoria e prática”. Sua apresentação gerou um debate sobre as metodologias atuais e a necessidade de preparar profissionais para a realidade socioambiental do país. 

O professor Dr. Rodrigo Hakamada discutiu o papel da ciência florestal no enfrentamento das mudanças climáticas, apontando que a demanda por profissionais na área é alta, especialmente no setor de florestas plantadas. E, encerrando o evento, Danielle Rodrigues representando a empresa Suzano e seus programas de liderança. 

Figura 1 - Delegação gaúcha no 3º Encontro Nacional dos Cursos de Engenharia Florestal. Professores dos cursos de Engenharia Florestal da UFSM – Josita Soares Monteiro (UFSM – SM), Edson Cantarelli e Oscar Torres Figueredo (UFSM – FW), em Belém, no Pará 

Figura 1 - Delegação gaúcha no 3º Encontro Nacional dos Cursos de Engenharia Florestal. Professores dos cursos de Engenharia Florestal da UFSM – Josita Soares Monteiro (UFSM – SM), Edson Cantarelli e Oscar Torres Figueredo (UFSM – FW), em Belém, no Pará 

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O 3º Encef foi dinâmico, abrangendo diferentes áreas e atuações dos profissionais de Engenharia Florestal. O evento conseguiu contribuições valiosas para a Engenharia Florestal, com destaque para a criação de Grupos de Trabalho (GTs) que visam discutir e implementar mudanças estruturais nas Diretrizes Curriculares Nacionais. Um dos principais resultados foi a decisão de priorizar temas como mudanças climáticas, com foco na capacitação de professores e estudantes para atuarem de forma mais eficaz na mitigação e adaptação aos impactos ambientais.  

Outro ponto importante foi a criação de um GT específico para discutir a implementação da residência florestal como alternativa para atividades supervisionadas no currículo, incluindo estágio e Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), o que poderá proporcionar uma maior integração entre universidades e o mercado de trabalho. 

Adicionalmente, os GTs se concentrarão em atualizar os conteúdos curriculares, incluindo novas tecnologias, bem como os desafios relacionados à bioeconomia e ao uso de bioprodutos sustentáveis. A colaboração entre instituições de ensino e pesquisa, tanto no âmbito nacional quanto internacional, também será uma prioridade, com a proposta de estabelecer parcerias e programas de intercâmbio que fortaleçam a formação dos profissionais. 

A atualização e formação dos professores da área de Engenharia Florestal também foram discutidas, com o objetivo de capacitá-los para enfrentar as demandas das novas gerações de estudantes. A criação de grupos de trabalho permanentes e a continuidade dos debates no próximo Encef, que ocorrerá em 2025 na cidade de Florianópolis, são passos essenciais para consolidar a evolução da Engenharia Florestal, visando uma formação acadêmica moderna e alinhada com os desafios socioambientais do Brasil. Dessa forma, o evento reforça a importância da Engenharia Florestal na construção de um futuro sustentável, destacando o papel dos Engenheiros Florestais como agentes de mudança para a sociedade. 

 

Palavras-chave: Engenharia Florestal. Diretrizes Curriculares Nacionais. Mudanças climáticas. Bioeconomia. Sustentabilidade. 

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