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Incêndio, Eletricidade E Prevenção

Apontamentos sobre incêndio,
eletricidade e prevenção

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Luiz Paulo Vallandro  
CREA: RS032672

A mudança do Brasil de um País rural para uma sociedade urbana, industrial e de serviços, em um curto espaço de tempo, gerou, dentre tantos outros enfrentados, um aumento do risco de incêndio. Observado tal fato, este modelo de crescimento populacional demanda atenção especial quanto à prevenção contra incêndio. Essa é uma área complexa do conhecimento humano e envolve todas as atividades do homem e os fenômenos naturais e profissionais diversos, ou seja, a segurança contra incêndio (SCI) deve estar presente sempre e em todos os lugares.

Incêndios são eventos que afetam a vida, missão e objetivos de qualquer empreendimento. Sua ocorrência é frequente, de caráter imprevisível, com grande impacto econômico e social. Geram preocupações pelos seus efeitos potencialmente destruidores, sendo causados por uma combinação complexa de fatores e elementos. E, para evitar que aconteçam, é necessário conhecer e entender suas causas.

Entre as principais causas de incêndio, está o mau funcionamento das instalações elétricas. Os motivos podem ser a sobrecarga; o curto-circuito; mau contato; ausência ou mau dimensionamento de fusíveis e disjuntores; falta de cuidados com lâmpadas ou aparelhos aquecedores; superaquecimento; além de negligência, já que produtos fora das normas e de baixa qualidade nas redes elétricas podem levar a situações indesejáveis e por vezes de difícil controle.

O desgaste natural promovido pelo tempo, além da desatualização de componentes, faz com que os sistemas elétricos precisem de manutenção frequente. Portanto, os cuidados com as redes são imprescindíveis na prevenção de incêndios, tanto em empresas, quanto em residências. Entretanto, embora esse conhecimento seja amplamente divulgado, são comuns a não observância das normas e boas práticas de manutenção.

No anuário da Abracopel – Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade, foi constatado um aumento nos casos de incêndios por sobrecarga elétrica. Foram 637 em 2021, contra 583 em 2020. Tais números são preocupantes, pois crescem ano a ano. Ressalte-se que, embora a entidade busque por dados fidedignos, faltam ainda informações oficiais reais que corroborem a estatística em sua totalidade.

Somente na Região Sul, foram identificados 197 incêndios ligados à eletricidade, contra 176 da Região Sudeste, mais populosa. No Rio Grande do Sul foram notificados 47 casos. Diante desse cenário apreensivo, é necessário a discussão sobre o que pode ser melhorado através da união da sociedade civil, agentes econômicos e poder público, nas questões de prevenção contra incêndio.

Incêndio é o fogo fora de controle, o fato gerador dos danos. É um perigo importante na série de perigos a serem investigados em uma análise de riscos. Conhecendo as principais causas e formas de se precaver de incêndios, a SCI deve ser amplamente considerada na elaboração de qualquer processo preventivo e necessita passar por estudo preliminar, concepção do anteprojeto, projeto executivo e construção, operação e manutenção. Se for desconsiderada qualquer uma das etapas, ficará suscetível a riscos de inconveniências funcionais, gastos excessivos e níveis de segurança inadequados. Grande parte da SCI dos processos é resolvida na fase de projeto. Muitas diretrizes também são, nesta fase, encaminhadas para a solução geral do problema (Seito, 2008). Percebe-se, pois, que o assunto é bastante complexo.

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MEMÓRIA

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Exemplificando, aqui no Estado o corpo de bombeiros implementou medidas importantes para controlar o risco de incêndio em subestações. Porém, ainda não foram criadas medidas tão efetivas quando se trata de baixa tensão. Seria importante pensar a esse respeito. Incêndios iniciados em instalações elétricas de baixa tensão são mais comuns e, por isso mesmo, suas consequências envolvem mais pessoas do que os incêndios em subestações. Uma medida de prevenção que poderia ser implementada e que acrescentaria importante segurança à edificação, já usada em São Paulo, está na Instrução Técnica nº 41 que, dentre outras providências, pede que na apresentação do Plano de Prevenção Contra Incêndio, conste, no quadro resumo das medidas de segurança, nota esclarecendo o expresso atendimento à IT 41. Além disso, na solicitação da vistoria deve ser anexado o atestado de conformidade das instalações elétricas, conforme modelo que eles disponibilizam em outra instrução, a de número 1.

Ainda, em relação à melhoria da qualidade das medidas de proteção a serem implementadas, cabe aqui a reflexão sobre o proposto no PLC Nº 39/2020, que estende a qualquer Técnico Industrial a competência de se responsabilizar tecnicamente pela elaboração e execução de Projetos e Planos de Prevenção e Proteção contra Incêndios. Os dados referentes à ocorrência de incêndios mostram-se crescentes. Seria o caso de flexibilizar a profissionais sem a habilitação técnica de Engenheiros e Arquitetos? No caso de incêndio, não estão em jogo somente perdas patrimoniais, mas também a vida de pessoas.

Embora tenha-se dado especial atenção ao risco elétrico como principal causa de incêndio, ao implementar-se projetos de segurança contra incêndio deve-se buscar profissionais altamente qualificados, com profundo conhecimento sobre a matéria em questão, para que sejam obedecidos todos os critérios de segurança, tanto para a preservação do ambiente, quanto das pessoas.

REFERÊNCIAS 

SEITO, Alexandre Itiu. et al. A Segurança contra Incêndio no Brasil. São Paulo; Projeto Editora. 2008.

MARTINHO, Meire Biudes; MARTINHO, Edson; DE SOUZA, Danilo Ferreira (Org.). Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica 2022 ano base 2021. Salto-SP: Abracopel, 2022.DOI:10.29327/560614

Estatísticas de Incêndios ocorridos 1º Semestre de 2021. Disponível em < https://portalincendio.com.br/estatisticas-de-incendios-ocorridos-1%C2%BA-semestre-de-2021-noticias>

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