
Engenheiro Civil Osnar Sadi Nether

O MODELO ENERGÉTICO PRECISA MUDAR:
Energias limpas e renováveis pedem passagem
A Organização das Nações Unidas (ONU), por meio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), alerta para a poluição do ar, que aumentou 8 % entre 2008 e 2013 e matou 7 milhões de pessoas por ano.
O estudo apresenta ainda que, nas áreas urbanas, 80 % dos indivíduos estão expostos a níveis de qualidade do ar que excedem os limites estabelecidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A atual resposta à má qualidade do ar está inadequada, afirma o diretor-executivo do PNUMA, Achim Steiner.
A resposta a esses problemas, para melhorar a qualidade do ar, irá ocorrer pelo desenvolvimento sustentável, em especial pelo uso de energias limpas e renováveis.
Segundo esse relatório, 82 países – em um total de 193 analisados – têm incentivos que promovem o investimento na produção de energia renovável mais limpa, aumentando a eficiência energética e melhorando o controle da poluição, inclusive sonora.
Os investimentos em geração de eletricidade adicionado no ano passado foram na ordem de US$ 286 bilhões e já representam a maior parte, trazendo um alento da condução de política energética.
O problema maior parece estar nos veículos automotores que possam reduzir as emissões em 90 % das emissões. Ainda está engatinhando, mas já bastante avançado na Europa Central e nos EUA.
O estudo destaca que, embora os desafios sejam enormes, 97 países aumentaram o número de domicílios que têm acesso a combustíveis de queima mais limpa para 85 %, um feito notável no combate da poluição, que afeta ambientes fechados.
A sujeira presente no ar de espaços internos, é responsável por mais da metade das 7 milhões de mortes anuais associadas à poluição atmosférica.
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PALAVRA DA PRESIDENTE

ARTIGOS

CIVIL
INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS

FISCALIZAÇÃO

O Brasil promove avanços
Os impactos sobre a qualidade do ar são decorrentes, principalmente, devido à rápida urbanização e industrialização.
O Brasil tem implementado vários incentivos regulatórios institucionais e econômicos que estimulam investimentos em energia limpa, renovável, com destaque para eólica, solar e mini-hídrica.
O desafio começa com o transporte, pelo crescimento do nível de veículos, frota antiga, combustível sujo, estradas com falta de manutenção. Mas ainda assim apresenta avanços.
Os destaques maiores vão para o Rio de Janeiro devido à Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas nesse ano, com destaque para a expansão do metrô.
Curitiba destaca-se pelos corredores de alta velocidade, produzindo planejamento viário inteligente, o que resulta em um consumo per capita 30 % menor, se comparado com outras capitais brasileiras.
O conjunto de pessoas que usam transporte público aumentou 50 vezes nos últimos 20 anos.

Acordo sobre Eliminação de Gases
Paris produziu um marco histórico: a COP21 reuniu 195 países que representaram a totalidade das nações que concordaram em adotar atitudes para conter o aquecimento global em 1,50ºC nos últimos cem anos a vencer, em 2030, devido ao efeito estufa.
Foi assinado por aproximadamente 200 países em Kigali (Ruanda) um acordo que visa a eliminação progressiva dos hidrofluocarbonos (HFC), um dos gases estufa mais nocivos para o clima. É, sem dúvida, uma preparação para a conferência da COP-22, que será realizada em Marrakesh, no Marrocos.
O Cenário
O sinal amarelo veio com as observações do degelo das calotas polares tanto do Ártico quanto da Antártida, colocando a nu o uso indiscriminado de energia fóssil - petróleo, gás de xisto e obtenção de gás por meio de craqueamento de rochas denominado "shale gas", que obtém um gás barato, mas destrói o lençol freático e parte da agricultura de árvores frutíferas, comum nos Estados Unidos, que está começando na Argentina e já autorizado no Brasil.
A essência está em saber se, com fontes de energia limpa – solar, eólica, hídrica e biomassa – as mesmas possuem condições de atender a demanda frente às energias obtidas a partir do petróleo, gás de xisto e carvão mineral, que são tidas como energias poluidoras e que aumentam o efeito estufa e, em consequência, o aumento da temperatura média do planeta.
Podemos estar diante de uma transição energética com aproveitamento dos recursos naturais e com efeitos colaterais e de vizinhança menores.
A grande dificuldade está na magnitude das empresas focadas na exploração de petróleo que, na maioria, são monopólios estatais (caso da Petrobras no Brasil) ou oligopólios mundiais (casos da Shell e da Exxon, por exemplo).
As estatais possuem um complicador a mais: normalmente, são boas de produção, porém ruins de mercado em face das amarras da burocracia e da rigidez dos contratos de trabalho, situação que não flexibiliza a mão-de-obra, onde capacitação e criatividade perdem espaço para tempo de serviço e outros atributos não competitivos (são também castelos modernos do empreguismo).

Energias Limpas – Novo Modelo
As novas energias, principalmente solar e eólica, serão compostas por centenas ou milhares de empresas que irão competir e evoluir sem grandes quadros de diretorias e conselheiros, cujo custo tende a reduzir, melhorando para o consumidor e para a indústria, que hoje se encontram desamparados, situação que tem como reflexo (no caso do Brasil) uma das mais baixas produtividades de mão-de-obra da América Latina e também no mundo competitivo.
Caso seja vencedor o novo modelo de produção de energia limpa, a condição poderá se alterar e irá melhorar por dois motivos: primeiro, em relação à produção de energia limpa com menos efeitos colaterais e, segundo, o custo do projeto que vincula a produção, dividido pelo investimento. Ainda, haverá a melhora na distribuição dos empregos, que, pela competição, aumentará a eficiência do trabalho e, a longo prazo, o custo do MW/hora.
A energia eólica já tem aproximadamente oito anos e custo de produção bem menor do que no seu início. Atualmente, 80 % dos equipamentos utilizados no Brasil são nacionais, segundo a presidente da Abeeólica, Élvia Gannoum.
A energia hídrica está madura, é estatal e, provavelmente, vai continuar funcionando do mesmo jeito. O assoreamento das barragens é um problema que, juntamente com a escassez de chuvas, tem diminuído a produção de energia. Chuvas virão e o ciclo se reinicia, porém com restrições de manutenção.
O meio ambiente sofre pelo efeito estufa, pela retirada das matas, pelo assoreamento dos rios, pelo excesso de fuligem (os casos mais emblemáticos são China, França e Itália) e sofreu pelo aumento da doença conhecida como "dengue", Zika Vírus, etc. É fundamental associar que o mosquito transmissor "Aedes Aegipty" encontra campo fértil em terrenos e áreas urbanas e rurais com água parada e/ou não drenadas, além de água parada em pneus, caixas, poços e/ou outros recipientes ou espaços em que a água não escoa por falta de declividade ou de drenos. A situação irá piorar muito com o aquecimento médio do planeta e, principalmente, dos passivos ambientais.
O meio ambiente recebeu a atenção da encíclica papal denominada "Laudato Si", de 18 de junho de 2015, em face da conscientização cada vez maior de que compartilhamos uma propriedade comum, ou seja, indivisa ou difusa, se considerarmos o ar que respiramos. Os problemas também passam a ser complexos.
O modelo energético precisa mudar
As energias renováveis, limpas e sustentáveis pedem passagem à poluidora energia do petróleo e da proveniente do carvão mineral, que fizeram época, porém já estão sendo substituídas com êxito.
No Brasil, a obtenção a partir de usinas hidrelétricas, de etanol e biodiesel são exemplos de avanços significativos na oferta de energia.
A energia eólica ainda é embrionária, porém já está com peso econômico e responde por 3% a 4% da energia elétrica.
No transporte coletivo a energia elétrica possui boa aplicação nos trens metropolitanos, porém, é no transporte terrestre (caminhões e ônibus), aquático e aéreo que a energia derivada do petróleo reina quase absoluta. A tecnologia avança e alguns ônibus, táxis e pequenos automóveis já estão sendo testados com motores elétricos, situação que, no futuro, poderá se transformar em uma nova matriz energética.
Planeta Terra – Um Grande Condomínio!
A tecnologia em tempo real, via Internet, telefonia e outras, dá a clara noção de instantaneidade da informação e, muitas vezes, sua abrangência.
O que interliga esse gigantesco condomínio são as águas, o ar e os ventos. O caminho da poluição também se desloca nesses meios.
A maior poluição é decorrente do uso de energia fóssil (petróleo, carvão e xisto), incêndios e erupções vulcânicas (desse último, o homem não possui controle).
A matriz energética estruturada em energias fósseis está alicerçada em oligopólios privados ou estatais e estruturas econômicas e sociais dos países, o que dificulte reduções nessa matriz energética.
A Petrobras, orgulho nacional, no passado recente se notabilizou pela corrupção e escândalos, cujas atitudes envergonharam a nação e os brasileiros.
Enquanto isso, o condomínio esquenta e sofre!
Pela conexão e integração dos oceanos e pela atmosfera, as poluições tendem a se redistribuir pelo Planeta Terra. As poluições oriundas da China e dos Estados Unidos – maiores poluidores – atingem indiretamente todos os continentes.
A matriz energética das energias limpas ainda é embrionária e praticada por empresas de pequeno a médio porte, considerando o perfil da empresa geradora de energia. O porte democratiza e torna a gestão competitiva.
Portanto, o planeta tende a ficar melhor com empresas menores, mais dinâmico e competitivo.
Alguns Conceitos Usuais
Combustíveis Fósseis
Os combustíveis fósseis são substâncias de origem mineral, formados por compostos de carbono. São originados pela decomposição de resíduos orgânicos. Como esse processo leva milhões de anos, logo são considerados recursos naturais não-renováveis. Originam os combustíveis mais usados no mercado, para gerar energia elétrica e movimentar veículos, aviões e navios, por exemplo.
Os combustíveis fósseis usuais são oriundos do petróleo, carvão mineral e xisto, que liberam poluentes geradores do efeito estufa e do aquecimento global.
Energia Limpa e Renovável
É aquela que não libera, durante seu processo de produção ou consumo, resíduos ou gases poluentes geradores do efeito estufa e do aquecimento global.
As fontes de energia que liberam quantidades muito baixas desses gases ou resíduos, também são consideradas fontes de energia limpa.
Principais Fontes de Energia Limpa e Renovável
• Energia eólica: gerada a partir da força do vento;
• Energia solar: gerada a partir dos raios solares;
• Dos mares: gerada a partir da energia contidas nas marés dos mares e oceanos;
• Biogás: combustível gerado a partir da mistura gasosa do gás metano com dióxido de carbono;
• Biocombustíveis: produção de etanol (a partir da cana-de-açúcar e milho), biogás (a partir da biomassa), bioetanol, bioéter, biodiesel, entre outros.
• Hídrica: produzida nas usinas hidrelétricas.
É possível conviver com a poluição e o degelo das calotas polares por quanto tempo?
A poluição, principalmente aquela originada em energia fóssil, possui efeitos nocivos concretos sobre a saúde humana nos curto e médio prazos, mas principalmente no longo prazo.
No tocante ao degelo, o ator Leonardo DiCaprio fez apelo emocionado na entrega do Oscar (Hollywood), para que as autoridades não destruam o meio ambiente, porque, segundo ele, em breve, somente quem viajasse para o continente da Antártida veria gelo.
Na minha visão, os menos aquinhoados poderão ver o gelo (artificial) no Snowland em Gramado (RS) (naturalmente, se houver energia elétrica).
O avanço do calor sobre o Planeta deve provocar, além da elevação do nível do mar, aumento dos passivos ambientais, situação que pode conter condições que favoreçam o surgimento de doenças e epidemias.

O que fazer?
1) Desenvolver a tecnologia de produção de energia limpas e renováveis, focado nas mais abundantes;
2) Desenvolver tecnologias para uso de motores elétricos em automóveis, caminhões, ônibus;
3) Reorientar o sistema de transporte de cargas com foco para o transporte aquaviário e ferroviário;
4) Focar a pesquisa também na biotecnologia;
5) Desenvolver e melhorar o transporte público de passageiros com ônibus movidos à energia elétrica;
6) Substituir, gradativamente, a energia fóssil por energia limpa e renovável.
Como fazer?
1) Pesquisa, investimento e foco em energias limpas e renováveis;
2) Desinvestimento gradual na exploração do petróleo, carvão mineral e xisto com substituição massiva para energia limpa e renovável;
3) Desenvolvimento de uma nova indústria de automóveis e indústria em geral, focadas no uso da energia elétrica;
4) Criação de linhas robustas de projetos e financiamentos de indústrias de energia limpa e renovável.
Questões que permanecem
• Parece que vivemos uma situação de desinformação orientada no consoante ao mercado de petróleo no Brasil o volume da oferta de combustíveis também aumenta; seja quando aumenta o preço do petróleo, seja quando diminui no mercado internacional (que hoje se encontram nos níveis mínimos).
• Segundo a presidente da Abeeólica, Élvia Gannoum, os piores ventos no Brasil são iguais aos melhores ventos na Alemanha, e o pior sol do Brasil é igual ao melhor sol da Alemanha e, mesmo assim, esse país está na vanguarda das tecnologias limpas, porque desenvolveu as tecnologias necessárias.
• Se a COP21 acordou com todos os países a redução de emissão de gases, por que a produção de petróleo, no mundo, é a máxima já observada?
• Por linhas tortas, a crise geral que se abateu sobre o Brasil, reduzindo a venda de automóveis movidos a derivados de petróleo representa uma redução de emissão de gases agressores da atmosfera e da poluição ambiental.
• Será que os países industrializados estão dispostos a pagar para ver se os polos Ártico e Antártico perderão parte expressiva de suas geleiras e, só assim, observarão a elevação do nível dos oceanos?
• Que novos ventos, águas e demais energias limpas impulsionem as turbinas do progresso dos países – o meio ambiente agradece. A vida também.
• A guerra civil na Síria, a maior guerra em andamento, matou em seis anos aproximadamente 500 mil pessoas, enquanto, no mundo, em apenas um ano morrem aproximadamente 7 milhões de pessoas por poluição do ar, aproximadamente, por ano, 14 vezes o número de mortes que ocorreram em seis anos de guerra na Síria.
Fonte: documentários de TV, jornais de porte nacional, revistas técnicas, Internet.
Fica a reflexão.