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Projeto de chip para detecção do câncer de mama leva estudantes de Engenharia Elétrica para conferência nos EUA 

No dia 18 de fevereiro de 2024, dois estudantes de Engenharia Elétrica da UFRGS viajaram para São Francisco onde participaram da ISSCC (International Solid-State Circuits Conference), uma das maiores conferências acadêmicas de tecnologia no Vale do Silício. Os alunos Lucca Reinehr e João Frischenbruder Sulzbach construíram e competiram com o projeto “Sensor BioMEMS para detecção precoce de câncer de mama” na competição “Code-aChip”, voltada a estudantes com foco em produzir chips eletrônicos. O projeto ficou entre os três melhores, dando-lhes a oportunidade de participar da conferência internacional. 

Os estudantes, que já estão na parte final do curso de Engenharia Elétrica, realizaram um intercâmbio de dois anos na França. Lá, o estudante Lucca estava fazendo uma pesquisa focada em Mems (Micro-Electro-Mechanical Systems). A aplicação dessa pesquisa seria em indústrias de óleo, gás e petróleo, mas não eram coisas que fascinavam o estudante. Por isso, ele começou a trazê-la para um lado mais humano e focar a pesquisa na área biomédica. “E como é um projeto que não envolve só a parte de Mems, mas também eletrônica, área que o João tem bastante experiência, a combinação foi perfeita” relata Lucca

Ano passado, Lucca fez outro projeto com um professor da Universidade de Michigan e, por meio do Linkedin deste professor, teve conhecimento da competição “Code-a-Chip”. O universitário explica que pensou em candidatar seu projeto, mas o prazo era muito curto e não daria tempo. Porém, segundo ele, depois de alguns dias “magicamente” surgiu uma extensão da data final da competição. Com isso, convidou pessoas dedicadas e que tinham interesse na área. Então, entraram no projeto: João Frischenbruder, da UFRGS, João Pedro Perin Nunes, da UFRJ, e Thales Lobo, da Unesp. Os quatro jovens se conheceram na mesma faculdade onde fizeram intercâmbio na França, e infelizmente, por conta de problemas com vistos, João Pedro e Thales não puderam ir à conferência em São Francisco. 

SOBRE A TECNOLOGIA

O projeto dos estudantes se constitui em um chip que detecta o câncer de mama. A doença ocorre quando as células se dividem, mas ela não acontece silenciosamente, ela libera uma série de substâncias e, algumas, podem ser detectadas. Para o projeto, os estudantes escolheram o câncer de mama, pelo fato de existirem muitas referências em artigos e, no caso, focaram em uma única proteína que se chama HER2. 

O chip funciona com a ajuda de sensores, os quais funcionam com dois ressonadores que vibram em uma frequência específica. Um desses ressonadores tem uma camada que captura as proteínas HER2 e, consequentemente, aumenta sua massa, continuando a vibrar na mesma frequência, mas diminuindo a amplitude da vibração. É nessa diferença de amplitude que o chip consegue detectar se há ou não tal proteína no organismo. João explica que é um sistema micro eletromecânico, então existes as partes mecânica e eletrônica do projeto. “O que é muito importante, pois é justamente o que faz os ressonadores vibrarem. É um sistema bem integrado, que envolve muitas áreas do conhecimento e tudo que a gente vê na aula de engenharia” complementa.  

EXPERIÊNCIAS NA CONFERÊNCIA

Graças à excelência e à inovação do projeto, os estudantes foram convidados a participar de uma das conferências mais importantes da área de chips eletrônicos no mundo. Os jovens gaúchos confessam que ficaram maravilhados pela experiência. “Nunca tinha ido para um evento desta magnitude e nem aos Estados Unidos. Então foi uma experiência inigualável”, descreve João. Os dois relatam que conheceram pessoas muito importantes e participaram de discussões essenciais, tanto para se situarem como estudantes brasileiros nesta área, como também conhecerem os avanços realizados fora do país. 

Lucca e João tiveram a oportunidade de ver os melhores grupos de pesquisa do mundo apresentando os seus artigos e também de fazer um networking com outros estudantes. “A gente fez o projeto em alguns dias e, apesar de ter sido bastante trabalho, não foi algo impossível. Foi fundamental para percebermos que, como estudantes de graduação, já temos capacidade de contribuir. E a gente adoraria, por meio deste projeto, de incentivar outros estudantes a também participarem de competição neste formato”. Para os universitários este tipo de oportunidade serve para “abrir os olhos” e entender como funciona a parte acadêmica e a indústria fora do Brasil. “É um grande incentivo para sempre manter vivo o debate sobre engenharia entre os estudantes e entre pessoas da indústria que procuram por um projeto interessante e promissor”, concluem Lucca e João

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