O despertar para o voluntariado na engenharia
Engenheiro Eletric., Civil e de Seg. do trabalho Sandro Donato Pavanatto Cerentini
Passado algum tempo após a nossa formatura em Engenharia, já durante a vida profissional, talvez depois de algumas décadas da saída do meio acadêmico, muitos de nós passamos por um momento de reflexão profissional que nos força a parar um pouco e ponderar sobre o rumo que nossas carreiras estão tomando. Esta “parada” pode ser ocasionada por questionamentos internos, como um pedido de interrupção de uma rotina, de um programa principal, que prioriza e faz executar uma outra rotina alternativa, que tende à subjetividade e ao pensamento crítico. Que valoriza o autoconhecimento e a consciência emotiva.
Neste momento de introspecção, começamos a analisar nossos feitos na carreira profissional até então, colocando de um lado os projetos e as realizações, e do outro, os esforços empenhados por nós, nossos familiares e pela comunidade, para que alcançássemos nossa formação. Esta simples comparação pode levar a um resultado não esperado, ou seja, imaginamos ter feito grandes obras e inovações para a sociedade, mas os resultados apontavam para um desempenho apenas mediano.
A partir de então, através da percepção desta possível inconsistência em nossas vidas, passamos a acreditar que algumas mudanças de atitude e pensamento, são necessários. Que devemos trabalhar mais em prol da coletividade, da preservação do meio ambiente, e ter uma maior integração com a comunidade. Que podemos estar mais predispostos a ajudar, a entender e enxergar que têm pessoas que estão de braços abertos a nossa espera, carentes de um auxílio, de uma dica e de novas ideias. Percebemos que temos que estabelecer conexões com essas pessoas e entender suas necessidades, nutrir suas carências, levar incentivo e solidariedade.
Este despertar mágico permite estender os limites e as fronteiras de nossas carreiras, a participar de entidades comunitárias, a integrar processos alternativos e desenvolver projetos de trabalho voluntário. Desta forma, a própria profissão parece ter mais importância e o sentimento de utilidade de nossa carreira tende a aumentar.
Sabemos dos fatos positivos que o trabalho solidário tem para a sociedade, desde a execução de projetos de melhorias em edificações e praças, até prover água potável para uma comunidade desabastecida. E, para o profissional, além da sensação extraordinária de realização pessoal, o trabalho voluntário permite e dá oportunidade de levar internet para uma região desatendida, de projetar um sistema fotovoltaico para uma instituição pública, implantar um sistema de aproveitamento de água da chuva em uma escola, promover a sustentabilidade ambiental e de levar inovações para o compartilhamento de todos. Permite que sejamos mestres, professores, instrutores em escolas carentes e nos proporciona estabelecer conexões saudáveis com a coletividade e com o meio ambiente.
O quanto antes se inicia o voluntariado, melhor para o profissional e para a sociedade. Mas para que para isso ocorra, temos que dar incentivos, pois o profissional, após formado, requer um bom tempo para se estabilizar e atingir maior autonomia. E também temos que dar ao trabalho voluntário o devido reconhecimento. Devemos valorizar mais cada ação de solidariedade, motivar, coroar, enaltecer, premiar e agradecer ao máximo tais atitudes.
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Muito se fala em falta de recursos. Mas sabemos todos que no Brasil não faltam recursos, e sim projetos, um olhar mais dedicado de pessoas abastadas intelectualmente para as carências coletivas, falta uma preocupação maior com a melhor distribuição de renda, falta priorizar a generosidade, o entendimento das causas principais das situações de pobreza, a compreensão de que o povo necessitado está nessa situação não por escolha, mas por falta de mais empatia, do aprender a dividir nossas conquistas e disposição para ver o progresso de alguém carente. Falta se livrar de qualquer tipo de preconceito, e desapego ao materialismo, falta...falta...falta. E falta, em muitas ocasiões, sermos grandes profissionais e grandes pessoas ao mesmo tempo.
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