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Pesquisadores australianos criam combustíveis de transporte limpos a partir de resíduos

Ao extrair biocombustível de resíduos agrícolas e urbanos, os pesquisadores Dr. Mohsen Talei, Dr. Dominic Davis, Professor Michael Brear, da Universidade de Melbourne, e Dr. Davy Brouzet, da Universidade de Stanford, esperam criar, para o futuro, um combustível de transporte de baixo custo e emissão zero.

Para todos os seus produtos abundantes, tais como, carne, peixe e colheitas, a agricultura também gera resíduos consideráveis.

 

A principal preocupação é o metano (CH₄), um gás expelido pelas vacas e liberado pela vegetação em decomposição e estrume, porque tem um potencial de aquecimento global muito maior do que o dióxido de carbono (CO₂).

 

O Dr. Mohsen Talei, da Universidade de Melbourne, explica que a pesquisa procura maneiras de reverter essa relação, pegando o metano produzido, a partir de resíduos agrícolas e urbanos, e usando-o como combustível econômico no setor de transporte – um combustível conhecido como gás natural biocomprimido (bio-CNG).

“O biogás inclui cerca de 50 a 70% de metano que é usado na fabricação de bio-CNG. Pode ser obtido a partir de uma grande variedade de fontes, como aterros sanitários, estações de tratamento de águas residuais, resíduos de gado, resíduos de alimentos e culturas energéticas, resíduos de culturas agrícolas, resíduos florestais e macroalgas. Devido à variedade de matéria orgânica que pode ser usada para produzir biogás, a concentração de metano, dióxido de carbono e outros gases residuais, podem variar muito”, informa Dr. Mohsen.

 

De acordo com ele, uma grande variedade de matérias-primas pode ser usada para produzir biogás e, portanto, a quantidade de subproduto sólido pode variar significativamente dependendo do tipo de matéria-prima. “A consulta à literatura existente sugere que cerca de 20% a mais de redução de emissões, em relação à obtida pelo uso de bio-CNG, pode ser alcançada pela substituição de fertilizantes sintéticos por biofertilizantes, em uma planta de digestão anaeróbica baseada em fazenda. É interessante que as emissões produzidas pela produção de combustíveis líquidos e gasosos também sejam cerca de 10 a 20% do total de emissões produzidas pela combustão desses combustíveis”, apontou.

Ele explica que o trabalho visa determinar limites apropriados de impurezas presentes no biogás, de modo que o custo total do biometano possa ser reduzido, sem comprometer o desempenho das tecnologias de uso final.

 

O Brasil tem um dos maiores potenciais de geração de bio-GNV, com capacidade para produzir 84,6 bilhões de metros cúbicos por ano. Ainda assim, apenas 1,8 bilhão de metros cúbicos foi produzido em 2019.

 

Para os pesquisadores o motivo dessa baixa produção é a falta de apoio de política para a produção e o uso de biometano.

“Esses números declarados mostram que 2% do potencial do biometano está sendo usado no Brasil, diferente do que acontece com a maioria dos outros países. No entanto, o apoio de políticas tem sido um divisor de águas em países europeus, como a Alemanha, que atualmente está usando cerca de 20% de seu potencial de biogás para a geração de energia. A viabilidade econômica do bio-GNV também deverá melhorar, considerando a gasolina e o diesel como concorrentes com preços globais crescentes. ”

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MEMÓRIA

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A substituição total dos combustíveis à base de petróleo requer uma combinação de soluções que incluam o uso de gás renovável, como biometano e hidrogênio. “Por exemplo, os números atuais mostram que cerca de 15% do consumo global de gasolina pode ser substituído pelo bio-GNV. No entanto, esse percentual é muito maior para o Brasil (mais de 40%)”, ressalta.

“Estamos trabalhando ativamente com o Future Fuels Cooperative Research Center, apoiado pelo governo australiano e pela indústria, para permitir a injeção de biometano na rede de gás de maneira econômica. O foco está nos usuários finais e no fornecimento de restrições adequadas ao nível de impurezas, como siloxano, oxigênio e nitrogênio. Neste estudo, pretendemos fornecer uma compreensão abrangente de como essas impurezas afetam diferentes tipos de usuários finais, usando abordagens computacionais e experimentais de última geração”, finalizou.

 

Trabalho completo em https://pursuit.unimelb.edu.au/articles/creating-clean-transport-fuels-from-waste

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